Torres Vedras

Agenda

Prémio Internacional de Composição Darcos

Até 14 de julho 2023 | 21h30

Música

Evento já ocorrido

A primeira edição do Prémio Internacional de Composição Darcos é um convite transversal, sem limite de idade ou sequer idioma, à comunidade. Na senda das encomendas a diversos compositores, que têm sido uma constante da Temporada Musical Darcos, o repto é agora lançado a todos os que fazem da composição o seu métier.

Todas as obras do concurso têm como ponto de partida o mesmo efetivo musical das Cinco canciones para ensemble y voz emocionada, op.68, de Eurico Carrapatoso (n.1962). Estreadas a 13 de novembro de 2015, resultaram de uma encomenda do Grupo de Música Contemporânea de Lisboa, sendo dedicadas à memória de Jorge Peixinho (1940-1995) no vigésimo ano da morte deste insigne compositor. A dolente poesia de Frederico García Lorca (1898-1936) ganha uma dimensão elegíaca no lirismo afetuoso desenhado por Carrapatoso. Ao timbre emocionado de meio-soprano, com as suas matizes vocais contrastantes, desenrola-se um contraponto instrumental emotivo, pleno de carácter, verdadeira poesia sem palavras.

Próximo desta ambiência está a sonata para flauta, viola e harpa de Claude Debussy (1862-1918). Em 1914, por sugestão do célebre editor Jacques Durand (1865-1928) iniciou um ciclo de 6 sonatas em homenagem a 6 compositores franceses do século XVIII. Contudo, o projeto nunca viria a ser concluído, dada a morte de Debussy em 1918. A segunda das Six sonates pour divers instruments foi composta em 1915, em plena I Guerra Mundial e apresenta uma paisagem musical emocionalmente ambígua. Ora melancólica, ora alegre, nebulosa e cintilante, parece sobrevoar num mundo além da emoção. Confrontado com o porquê destes ambientes, Debussy responderia "Não sei dizer se alguém deve rir ou chorar. Talvez os dois ao mesmo tempo?"

Duas obras finalistas a concurso

C. Debussy (1862-1918)
Sonata nº2 para flauta, viola e harpa
I. Pastorale
II. Interlude
III. Finale

E. Carrapatoso (n.1962)
Cinco canciones para ensemble y voz emocionada
I. Preludio de la noche
II. Canión (primera)
III. Rasgos 
IV. Canción (segunda)
V. Pórtico

Meio-soprano: a designar
Direção musical: Nuno Côrte-Real
Ensemble Darcos


Atividade Gratuita


"Nesta nova edição da Temporada Darcos, propomo-nos seguir a linha que tem norteado as temporadas anteriores: grande música, grandes intérpretes, mas procurando sempre pontos de contacto entre diferentes tradições, privilegiando o ecletismo e a inclusão. Por isso, desta vez escolhemos o lema da união pela música. Num mundo ainda muito desunido, dividido pelas políticas, pelas religiões, pelas desigualdades e pelos abomináveis racismos, cabe à arte proclamar bem alto que o único futuro sustentável é o da união.

A união pela paz, pelo amor, pelo planeta e pela liberdade. A união dos povos. Nós e os outros, duas realidades diferentes, mas na utopia que desejamos para o mundo as diferenças esbatem-se e convergem numa única realidade. É com esta convicção que a Temporada Darcos apresenta o seu projeto de fusão entre o fado e a música tradicional afegã, através da colaboração entre o Ensemble Darcos e o ANIMP (Afghan National Institute of Music), com o fadista Marco Oliveira e o guitarrista Miguel Amaral. Segundo o mentor e diretor do ANIMP, Dr. Ahmad Sarmast, dezenas de jovens estudantes afegãos fugiram ao terrível regime Talibã, viajando 6.592 quilóme-tros para poderem ter um futuro, e para que a música tradicional afegã pudesse sobreviver. Parece-nos triste e paradoxal que uma tradição milenar necessite do exílio para garantir a sua existência e preservação…

Também sob a égide da união, e visando criar pontes culturais de índole humanista, o mais ambicioso projeto da Temporada Darcos, Europa Sinfónica, será finalmente retomado (em suspenso desde 2020 devido aos anos de pandemia), com a primeira visita a Portugal da Orquestra da Ópera Estatal da Hungria, um dos mais antigos e prestigiados agrupamentos musicais europeus, e com a Orquestra da Toscana, instituição capital daquela região italiana, com sede em Florença. Estes dois programas terão como solistas os aclamados artistas portugueses António Rosado e Eduarda Melo. O ano de 2023 verá ainda nascer o projeto Folias, terceiro livro da série para coro e instrumentos, Novíssimo Cancioneiro, de Nuno Côrte-Real, desta vez inteiramente dedicado às danças portuguesas, reper-tório rico e variado que é mister revitalizar com vista a uma maior presença artística no panorama contemporâneo.

De destacar, por último, a estreia do projeto de fusão estética entre o jazz e o clássico, Nas asas do indefinido, com o Ensemble Darcos e a internacional cantora portuguesa Maria Mendes, procurando caminhos de fusão e desco-berta entre aqueles dois mundos distintos. Podíamos projetar neste último projeto musical, como exercício para as nossas próprias vidas, o caminho que a humanidade parece cada vez mais estar a necessitar: tomar o oposto, o contrário, o aparentemente inconciliável, e conciliá-los; entender as diferenças, aceitar as distinções, compreender as essências, e num desejo sincero de harmonia, conceber um horizonte onde a natureza varia do Homem possa existir pacificamente e sem mácula. Utopia, nunca te esqueceremos!" Nuno Côrte-Real

“A cultura é o grande observatório do humano” José Tolentino Mendonça (2021)

Na sua 16ª edição, a Temporada Darcos propõe um programa artístico que elege “A união pela música” como impulso e horizonte. Longe de constituir um cliché semanticamente esvaziado pela repetição, a afirmação prefigura um manifesto pelo direito a construir uma nova narrativa do futuro.

A Temporada Darcos enraíza-se num movimento cultural agregador de matriz cosmopolita que promove o encontro entre “diversidades”, aprofundando o diálogo, a cooperação e a participação cidadã. Repousa na profunda convicção de que as Artes e a Cultura – conceito poliédrico – devem assumir um papel central e não ornamental no âmago de qualquer projeto de desenvolvimento territorial. Ao longo da sua trajetória, um sistema capilarizado de relações tem sido delicadamente tecido, dirimindo distâncias entre instituições, coletivos artísticos e comunidades.

Na sua dimensão processual, a Temporada Darcos concorre para a edificação de uma ecologia de práticas colaborativas que, assentes na mutualização de experiências, conhecimentos e competências, aportam inovação e abrem caminho a diálogos fecundos materializados em projetos comuns.
Enquanto movimento fortemente comprometido com a educação, inequívoca alavanca de transformação, a Temporada Darcos tem contribuído para salvaguardar a acessibilidade a um patri-mónio artístico em permanente (re) criação e avigorar a literacia musical de uma “vasta maioria”.

A música, na sua pluralidade de expressões, é um universal de cultura, uma linguagem de convergência que nos projeta num espaço identitário partilhado. Em tempos marcados pelo desencanto, incerteza, fragmentação, dissolução e insularidade, a música, mais do que uma experiência salvática, hiperbolicamente escapista, ou de estrita e efémera fruição estética, oferece a possibilidade de pensar novas formas de habitar o mundo, de ousar outras vidas em comum." Ana Umbelino

Direção artística
Nuno Côrte-Real

Consultoria
Afonso Miranda

Projetos especiais
Vanessa Pires / Artway

Textos
José Bruto da Costa

Produção executiva
Bruna Moreira

Assistente de produção
João Barrinha

Gestão de apoios
Jorge Reis

Relações públicas e assessoria de imprensa
Débora Pereira

Contabilidade
Luís Silvestre


Imagem gráfica
Olga Moreira a partir de fotografias de Jorge Carmona


Comunicação e imagem
Câmara Municipal de Torres Vedras

Última atualização: 10.07.2023 - 11:46 horas
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