Agenda
Impressões Íntimas
Concerto com declamação de Manuela Couto
Até 8 de fevereiro
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18h00 | 21h30
Evento já ocorrido
Local: Espaço Darcos, Av. Tenente Valadim, 10-B, Torres Vedras
Classificação etária: Para todos os públicos
Esta atividade integra o(s) programa Temporada Darcos 2025
A identidade e a intimidade são construções históricas, erigidas por meio de discursos e práticas que, ao longo dos séculos, em diferentes sociedades, assumiu uma configuração própria.
Ao circunscrevermos a experiência individual, do que é ser, do que é interior, cruzamos a fronteira do uno e indiviso em direção ao plural, ao exterior, diferentes níveis da expressão da relação com o outro, o afeto, o amor, a revelação.
Na sociedade pós-moderna, ser-se visto e comentado, por incontáveis olhares, em que o horizonte e a materialidade discursiva da tecnologia digital parece incitar a uma miríade de discursos, verbais e visuais, um vortex social, (re)configurou-se o que, historicamente, denominamos de intimidade. Estamos mais próximos, mas, nem por isso, mais íntimos.
Dizia Adolfo Casais Monteiro (1908-1972), a propósito de Fernando Pessoa (1888-1935) “a missão do poeta não é ser sincero, mas ser verídico”, o poeta é “o confessor de toda a gente”. E neste ato de contrição, Nuno Côrte-Real (1971) escolheu poesia de Sophia de Mello Breyner (1919-2004), Carlos Oliveira (1921-1981), Eugénio D’Andrade (1923-2005), David Mourão Ferreira (1927-1996), Fernando Guimarães (1928), Nuno Júdice (1949-2024) e Emanuel de Sousa para ilustrar esta voz interior, qual vocalidade maternal uterina.
É neste ambiente que emerge a música de Frederic Mompou i Dencausse (1893-1987), figura singular do séc. XX espanhol. O seu ideal estético, “uma música que é a voz do silêncio”, sem lacunas nem ornamentos, era assumidamente inspirado no verso de São João da Cruz (1542-1591) “música tranquila”. Não por acaso, a sua obra, publicada em 1920 e revista em 1959, um conjunto de 9 miniaturas para piano solo, escritas entre 1911 e 1914, tem como título “Impressiones íntimas”.
Influenciado pelo impressionismo francês, particularmente pelo minimalismo de recursos invocados por Erik Satie (1866-1925) e Gabriel Fauré (1845-1924), Mompou transporta o ouvinte para um universo musical discreto, de emoções delicadas e gestos contidos, a essência do ser.
Minimalista na forma, as peças assentam em melodias de natureza introspetiva, acompanhadas por um contraponto suave de progressões harmónicas.
Estes elementos servem para criar uma sensação de intimidade e vulnerabilidade em toda a coleção, como se o compositor estivesse a sussurrar pensamentos e emoções pessoais.
A música evoca uma sensação de introspeção e contemplação, convidando os ouvintes a explorar as suas próprias memórias e sentimentos, uma conexão profunda e ressonância emocional com a música.
Programa
F. Mompou (1983-1997)
Impressões Íntimas
1. Lento cantabile espressivo
2. Larghetto
3. Gracioso
4. Agitato
5. Pájaro triste
6. La barca
7. Cuna
8. Secreto
9. Gitano
Com poesia de Eugénio D’Andrade, Carlos Oliveira, Sophia, Emanuel de Sousa, Fernando Guimarães, Nuno Júdice e David Mourão Ferreira.
Declamação: Manuela Couto
Piano: Hélder Marques
Nota: entrada gratuita, mediante inscrições.
Inscrições: brunamoreira.darcos@gmail.com
Organização: Câmara Municipal de Torres Vedras e Darcos - Associação Cultural.
Atividade Gratuita