A Performact traz ao palco do Teatro Cine três performances dos coreógrafos Eduardo Torroja, Margarida Belo Costa e Samir Calixto. Numa noite dedicada à dança, Ecléctrica promete ser um evento único que evidencia o trabalho desenvolvido ao longo de várias semanas entre os professores convidados e os alunos do Curso de Intérprete e Coreógrafo em Dança Contemporânea, trazendo à luz torrense um momento de celebração e partilha das diferentes formas de conceção da performance contemporânea.

Performact

A Performact - Curso de Intérprete e Coreógrafo em Dança Contemporânea, foi fundada em 2016 com o principal objetivo de colmatar a ausência de ligação entre a formação e a profissionalização no setor das artes performativas em Portugal. Criado para preparar bailarinos com um plano rigoroso de ensino orientado para o desempenho em palco, os alunos da Performact trabalham as suas técnicas corporais, como também lhes são fornecidos conhecimentos complementares de produção em palco, essenciais na formação do intérprete e na sua perceção do espaço cénico e performativo.

Com o intuito de formar bailarinos e prepará-los para a realidade da atividade enquanto artistas emergentes, a Performact convida vários profissionais de renome nacional e internacional da dança contemporânea, permitindo aos alunos uma forte rede de contactos e de partilha de conhecimento com quem trabalha diretamente na área.

Programa

(1)    Body Carriers, de Eduardo Torroja

Body Carriers trata o movimento como um ato teatral, através de uma coreografia que resulta da comunhão das duas primeiras peças apresentadas pela companhia belga Ultima Vez, fundada por Wim Vandekeybus:

What the Body Does Not Remember (1987), uma peça que levou a dança a novos extremos, introduzindo um vocabulário totalmente novo de movimentos de combate, sagacidade rítmica e colocação do corpo em estados de extrema pressão. Esta Peça recebeu o Prémio Bessie pelo seu "confronto brutal entre a dança e a música";

Les Porteuses de Mauvaises Nouvelles (1989), uma peça que investiga sobre as implicações físicas e teatrais. Em particular do confronto do intérprete com os elementos reais, iminentes e inevitáveis da gravidade, da queda e da apneia.

Biografia do coreógrafo:

Eduardo Torroja nasceu em Madrid, onde estudou dança e teatro. Mais tarde, mudou-se para Bruxelas para fundar com Wim Vandekeybus a companhia Ultima Vez onde colaborou como coreógrafo, professor e intérprete nas suas primeiras produções: What the Body Does Not Remember, Les Porteuses de Mauvaises Nouvelles, The Weight of a Hand e o filme Roseland. Mais tarde, colaborou como assistente artístico em Blush e Sonnic Bum.

Participou como intérprete, juntamente com Anne Teresa De Keersmaeker em Erts and Mozart - Concertaria’s: Un Moto di Gioia; Atuou com Needcompany - Jan Lauwers e Grace Ellen Barkey em Rood-Red-Rouge, Morning Song, The Miraculous Mandarin, Caligula e King Lear.

Dirigiu várias peças da companhia Ultima Vez como What the Body Does Not Remember e Les Porteuses de Mauvaises Nouvelles, e encenou para o Teatro Bielefeld na Alemanha, SEAD em Salzburgo, Art Factory International em Bolonha,

Conservatoire National Supérieur de Musique et de Danse de Paris, PARTS em Bruxelas, DDSKS em Copenhaga, IT Dansa em Barcelona, Escola Estatal de Atenas e Ballet des Jeunes d'Europe.

Coreografou para as peças de teatro: Palabra de Perro, de Juan Mayorga com direção de Sonia Sebastián; As Lágrimas Amargas de Petra von Kant; Fassbinder de Miquel Insua; Os Irmãos Karamazov, de Dostoiévski e Sueños; Quevedo por Gerardo Vera; Der Seewolf de Jack London por Michael Heicks; e Rojo de Jhon Logan por Juan Echanove. Em Paris coreografou a ópera-rock franco-canadiana Starmania.

Enquanto professor, Eduardo Torroja leciona por todo o mundo as peças do repertório de Ultima Vez, como em Bruxelas, Madrid, Amesterdão, Volgogrado, Paris, Nova Iorque, Atenas, Sevilha, Ljubljana, Beirute, Lisboa, Tóquio, Barcelona, São Paulo, Salzburgo, Seul, México, Costa Rica e Roterdão.

(2)    Displaced Episodes, de Margarida Belo Costa

Num mundo atual, dinâmico e monotonamente complexo, o que nos rodeia numa simples rotina passa despercebido. Pequenos detalhes quotidianos são ímans visuais que nos prendem, fazendo-nos perder a noção de tempo, espaço e realidade. Inúmeras as imagens que se transformam inocentemente em desejos imaginários, pequenos paraísos, esconderijos, ou simplesmente abstrações. Identificáveis numa primeira visão, os momentos cliché como: estar sentado no sofá a fazer _zapping_; ter um encontro com alguém num belo parque; ter que arrumar a casa, e mesmo sabendo que esta está um caos, ignorar por completo a tarefa; depois de uma festa, e num momento de _hangover_, tentar perceber o que aconteceu; são ocasiões guardadas em memória.

Biografia da Coreógrafa:

Margarida Belo Costa é natural de Caldas da Rainha e reside em Lisboa há mais de uma década. Bailarina, coreógrafa e professora de dança, tem desenvolvido projetos artísticos a nível nacional e internacional desde 2O12, com várias entidades – Companhias de Dança, Teatro, Escolas de Dança – entre outros projetos multidisciplinares e de investigação.

Diplomada pela Royal Academy of Dance, os seus estudos desenvolveram-se paralelamente com a Dança Moderna e Contemporânea. Em 2OO4 ingressou como bailarina no Grupo Experimental de Dança (EVDCR). Licenciada pela Escola Superior de Dança, termina o 1º ano do Mestrado Profissionalizante em Educação ESD-IPL. Como intérprete, trabalhou com várias companhias, destacando as digressões nacionais e internacionais (Luxemburgo, Roménia, Dinamarca, China, entre outros. Colaborou com: Companhia Quorum Ballet (2O13/14); Teatro Mosca (2O14/15 e 2O19); Teatro Meridional (2O16); ACSC António Cabrita e São Castro (2O16); Companhia de Dança Contemporânea de Évora (2O17/2O18); Teatro Nacional São Carlos (2O18); Companhia Paulo Ribeiro (2O18/2O19); O Espaço do Tempo (2O19) e Henriett Ventura e Xavier Carmo (2O19). Como criadora, apresentou as peças: Step 1 para o GED-EVDCR (2O12); displaced episodes – BOX NOVA – Centro Cultural de Belém (2O15); Fall Out – Projeto Quorum (2O16); The Place To Be para a D.C. Companhia Jovens Bailarinos (2O16); cocriou a peça Who Do You Want To Be Today? com Elson Ferreira para o Festival MUSCARIUM# 2 (2O16); Excuse Me Sir, How Many Stories Can Fit In This Hotel Room? para a Companhia Projeto M (2O17); Too Loud Too Specific em cocriação com Elson Ferreira (2O18); Promise (2O18) para a Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo; p.s. Carmen para a Companhia de Dança de Almada (2O18); Our Last View para o Teatro Alighieri, Ravenna, Itália (2O19) e Unplug para Performact – Torres Vedras (2O19). Professora em várias escolas de dança em Lisboa, foi convidada a lecionar em cursos e workshops, destacando: Escola Superior de Dança, IPL; Estúdios Vitor Córdon; CAB – Centro Coreográfico Lisboa; Escola da Companhia de Dança de Almada; Quorum Academy; Academia Mdance; Dance Factory; Studio K; Orfeão de Leiria; Conservatório Internacional de Ballet e Dança Annarella Sanchez; DNA – Dance N’ Arts; Formação Olga Roriz – FOR Dance Theatre; PLATE-FORME AWA -Luxemburgo; Be Summer – Performact, Ent’Artes, entre outros. De momento leciona na Escola Superior de Dança (IPL), FOR Dance Theatre – Formação Olga Roriz, Academia Mdance e Dance Factory Estúdios.

(3)    Studies 1.0, de Samir Calixto

Studies 1.0 é uma peça baseada numa série de estudos que o coreógrafo Samir Calixto fez para algumas das suas coreografias, tendo como ponto de partida In Fuga, sobre a Arte da Fuga de Bach e The Biber Studies, sobre a música de Biber.

Studies 1.0 concentra-se na relação direta e instintiva com o quadro musical, ao mesmo tempo em que contrasta a intensa fisicalidade dos intérpretes com a rigorosa estrutura musical. O resultado é um choque peculiar de opostos, evidenciando o paradoxo entre a liberdade e a restrição, num emocionante jogo de contradições.

Biografia do coreógrafo:

Antes de ingressar no mundo da dança, Samir Calixto (BR/NL/IT) formou-se em diferentes vertentes artísticas como as artes cénicas, o teatro e a música clássica. Após muitos anos como bailarino freelancer, começou a desenvolver o seu próprio trabalho coreográfico, alcançando rapidamente um lugar de destaque no mundo da dança contemporânea na Europa, em especial na Holanda.

Destacam-se as obras Winterreise Tetralogy (2021); 4 Seasons (2014) - nomeada pelo 'ZWAAN', concurso de dança de renome na Holanda como coreografia do ano, e vencedora do primeiro Bng Excellent Talent Award; M (2016), coproduzida pelo Korzo Theater e pelo Nederlands Dans Theater; Summa (2018) com o Cello Octet Amsterdam em obras especialmente transcritas por Arvo Pärt; Die Schöne Müllerin (2018) para a Dance Company Theater Osnabrück (DE); In Fuga I (2019), uma encomenda para a companhia Bremen/Hannover Of Curious Nature; Seeker※Solo (2020) e, mais recentemente, Dido Æneas Us & All produzida para a ópera de Purcell.

O seu trabalho tem sido apresentado em diversos festivais e companhias da Holanda, Itália, França, Alemanha, Rússia, Suíça, Portugal, Senegal, Coreia do Sul, entre outros.

Em 2011 Samir Calixto lançou o Matter Affects, uma iniciativa realizada em colaboração com Stacz Wihelm, ex-diretor artístico do Korzo Theatre. Desde 2022 que é artista associado do Scenario Pubblico (Catania, Sicília), um dos principais centros de dança apoiados nacionalmente na Itália.

Crédito Fotográfico: Georgius Portugalis.