Raimundo Cosme é um jovem ator, encenador e dramaturgo natural de A dos Cunhados. Foi no concelho de Torres Vedras que viveu grande parte da sua vida e construiu o seu universo criativo. “A paisagem litoral em conjunto com a paisagem do campo, as romarias e a tradição, misturadas com a modernização e com a contemporaneidade de uma região que oferece uma quantidade inacreditável de serviços e de ofertas (também culturais) construíram-me como artista e como pessoa”, partilha.

O interesse pela representação surgiu na escola e levou-o a procurar grupos de teatro amador, numa altura em que “esta região era bastante prolífera em grupos assim”. Em 2009, licenciou-se em Teatro pela Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha (ESAD.CR), tendo recebido, em 2021, o prémio Alumni Carreira atribuído pelo Instituto Politécnico de Leiria.

Teatro, cinema e televisão fazem parte do currículo de Raimundo Cosme. Desde 2009 colabora com a companhia de teatro Cão Solteiro, como ator e cocriador em diversos espetáculos e projetos, como por exemplo Play The Film, Isto É Uma Tragédia, Day For Night, Tink, A Portugueza, Mise en Abyme, entre outros. No cinema, destaca a participação nos filmes Soldado Milhões, de Gonçalo Galvão Telles e Jorge Paixão da Costa, Sombra, de Bruno Gascon, A Criança, de Marguerite de Hillerin e Félix Dutilloy-Liégeois, e A Sibila, de Eduardo Brito.

Em 2011, em conjunto com Cecília Henriques, criou a Plataforma285, um coletivo multidisciplinar que desenvolve dramaturgia original, assente na procura da não teatralidade e de novas linguagens criativas. “Criámos esta companhia pela necessidade de dizer coisas nossas, de criar espetáculos sobre ideias e opiniões, pensamentos e dúvidas que temos.”

A Plataforma285 permitiu-lhe desenvolver não só a vertente de ator, mas também de encenador, dramaturgo e diretor artístico. “Para mim foi um movimento muito natural”, porque “como ator já trabalhava sobretudo com companhias e criadores que procuravam um sistema fora dos moldes tradicionais do teatro”. Esta foi, também, a premissa inicial da companhia, que “procura manter uma relação de codireção em vez de uma direção”, explica.

Como encenador criou, ainda, a peça The Institute Of Global Solitude, em colaboração com a companhia grega de teatro Blitz Theatre, em 2016.

Atualmente, frequenta o doutoramento em Artes Performativas e Imagem em Movimento, da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, e está a coordenar uma das apresentações finais da licenciatura em Teatro da Escola Superior de Teatro e Cinema. Foi escolhido, recentemente, para o projeto internacional “R-Evolution”, que decorre até 2024, com residências artísticas e apresentações em vários países.

No âmbito da Plataforma285, estão previstos vários projetos para este e para o próximo ano, nomeadamente em parceria com a Câmara Municipal de Torres Vedras. A companhia de teatro irá passar pelo Concelho com o projeto Afinidades, desenvolvido com a Paços – Galeria Municipal de Torres Vedras, e com o espetáculo That's All Folks!, que terá estreia no Teatro São Luiz e, posteriormente, será apresentado em diferentes freguesias do concelho de Torres Vedras.

Fotografia: Joanna Correia