Torres Vedras

Carlos Bernardes

01.07.2021

Fotografia de Carlos Bernardes de pé, num dos passeios do Parque do Choupal.

11.02.1968 - 03.05.2021

Foi em Lisboa que nasceu um homem que viria a dedicar a sua vida ao concelho de Torres Vedras. Carlos Bernardes nasceu na Maternidade Alfredo da Costa em fevereiro de 1968, tendo vivido em Caneças até aos oito anos, altura em que passou a residir com os pais no Turcifal. Afinal, as suas raízes estavam no Casal das Naculas e no Casal Cochim, na freguesia de Silveira, onde haviam nascido os seus pais.

Em 1987, a doença do pai fez com que interrompesse os estudos. Aos 19 anos tinha, assim, início uma profunda relação com a Câmara Municipal de Torres Vedras, na altura enquanto medidor orçamentista. A dedicação ao trabalho e à família assumiu-se, desde cedo, como um dos traços mais fortes da sua personalidade. A necessidade de um outro ganha-pão levou-o a ser guia transferista responsável pela linha de autocarros que ligava Lisboa a Málaga, em Espanha, cargo que manteve durante sete anos na empresa Intercentro. O contacto com outras pessoas e culturas haveria de lhe despertar a vontade de conhecer melhor o mundo e as suas gentes, chegando a reconhecer aquele período como o momento em que se começou a “realizar enquanto Homem”.

Ainda naquele tempo, trabalhou no gabinete do arquiteto Joaquim Esteves, onde executava desenho técnico de eletricidade após o período laboral, muitas vezes até de madrugada. A força de trabalho que o caracterizava levou a momentos de dedicação intensa, chegando a trabalhar ininterruptamente entre maio e outubro, todos os dias da semana, cerca de 16 horas por dia.

O seu percurso nas autarquias locais teria início em 1989, quando assumiu o cargo de secretário da Junta de Freguesia do Turcifal. Mas o início da década de 90 ficaria marcado por uma nova fase da sua vida: foi aos 25 anos que casou e se tornou pai.

Entre 1994 e 1997 foi adjunto e secretário do Gabinete de Apoio Pessoal do presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras. Naquele último ano haveria de ser eleito vereador na Câmara Municipal de Sobral de Monte Agraço, onde assumiu o pelouro do Turismo.

Enquanto eleito na Câmara Municipal de Torres Vedras, sempre se empenhou na defesa do ambiente e da sustentabilidade. Se hoje Torres Vedras é reconhecida pelos seus pares — e pelas mais diversas instâncias nacionais e internacionais — como um exemplo de boas práticas de desenvolvimento sustentável, muito deve ao caminho que Carlos Bernardes começou a trilhar em 2003, quando começou por ser vereador com os pelouros de Ambiente e Serviços Urbanos.

Dois anos mais tarde assumiria a vice-presidência da Câmara Municipal e os pelouros de Infraestruturas e Obras Municipais, Mobilidade, Gestão das Áreas Urbanas, Ambiente e Sustentabilidade, Transportes e Trânsito.

Foi, ainda, durante este período da sua vida que voltou a estudar. Aos 40 anos, deu início à licenciatura em Gestão de Empresas Turísticas e Hoteleiras no Instituto Superior Politécnico do Oeste, seguindo-se a pós-graduação e o doutoramento em Turismo no Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa.

Em 2015, após 10 anos de vice-presidência, passou a presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras, uma “missão pública” que encarava como “um enorme orgulho, uma grande abnegação”.

Quem com ele trabalhava sabia que “trabalhar, trabalhar, trabalhar” era muito mais do que mera palavra de ordem. Era, sim, a motivação de quem acordava todos os dias com o mais sincero entusiasmo de fazer mais pelo território e a sua população, sempre sensível e atento às necessidades de quem com ele se cruzava.

Era Embaixador Quality Coast, Embaixador Green Destination para a Europa e membro do Comité Consultivo Político da CIVITAS Initiative. Torres Vedras e os torrienses reconhecem a sua dedicação ao território especialmente ao longo do último ano, na batalha contra a pandemia de COVID-19, tal como recordou no último dia 25 de Abril.

“Durante o Estado de Emergência assistimos à limitação das liberdades individuais, em nome da proteção do coletivo. É por isso que, neste 25 de Abril, devemos reconhecer aqueles que, no primeiro 25 de Abril, nos deram a Liberdade. Devemos também olhar com esperança para o próximo 25 de Abril: esperança num futuro pós-pandemia, em que possamos voltar a celebrar em Liberdade, todos juntos.”

Com uma postura e entrega ímpares, Carlos Bernardes 'ficará para sempre inscrito na nossa memória coletiva'. A resiliência, determinação e capacidade de trabalho de quem sempre fez tudo em prol do seu território e, acima de tudo, o seu profundo carácter humano deixam em todos nós a certeza de um futuro melhor.

Última atualização: 27.07.2021 - 16:32 horas
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