Afonso Vilela
19.05.2022
Quem se desloca, em Torres Vedras, entre as ruas Henriques Nogueira e Santos Bernardes, passando pelas ruas José da Silva Anacleto e Luís Brandão de Melo, atravessa inevitavelmente a Praceta Dr. Afonso Vilela, onde se depara com um monumento que homenageia a personalidade que dá nome a este local.
Mas quem foi o Dr. Afonso Avelino Pedreira Vilela?
Nascido na Quinta do Infesto (freguesia do Turcifal) a 10 de novembro de 1886, no seio de uma família da burguesia rural, viria a conquistar no Concelho o epíteto de “médico dos pobres”, tendo falecido em Torres Vedras a 4 de junho de 1958.
Licenciou-se em 1913, na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, tendo se especializado em oftalmologia, apesar de ter feito a sua carreira na área da clínica geral.
Logo que terminou o seu curso, regressaria ao Concelho, iniciando a sua atividade profissional no Hospital da Santa Casa da Misericórdia. Em 1917, três meses após ter contraído matrimónio com Ema Rosa Ramos (união da qual nasceriam seis filhos), foi mobilizado para o Corpo Expedicionário Português, prestando serviço militar na frente de batalha como tenente-médico, no setor português da Flandres.
Regressado da I Guerra Mundial, retomaria a sua carreira de médico no Concelho, onde ficou sobejamente conhecido pelo seu grande humanismo, exemplificado não apenas pelas suas deslocações noturnas a cavalo até povoados recônditos de forma a prestar cuidados de saúde urgentes, como também pelo facto de não cobrar honorários aos pacientes com mais dificuldades económicas, pagando, inclusivamente, a expensas próprias, a aquisição de medicamentos que receitava. Mediante subscrição pública, a população viria a oferecer-lhe, por duas vezes, um automóvel (um Austin, em 1935, e um Opel, em 1951).
Para além de clínico geral, Afonso Vilela foi também médico do Município, bem como de outras instituições do Concelho (nomeadamente da Associação 24 de Julho, da Casa do Povo do Turcifal e, como já anteriormente referido, da Santa Casa da Misericórdia), tendo ainda exercido a sua atividade no Hospital de Torres Vedras e no Asilo Elias Garcia (mais tarde denominado Sanatório do Barro) e tido a seu cargo a saúde das crianças da colónia balnear infantil de Santa Cruz.
Afonso Vilela desempenhou também um papel ativo na vida associativa e institucional local, tendo sido o primeiro presidente da direção da Associação de Educação Física e Desportiva de Torres Vedras, para além de ter sido fundador da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo e da Escola Secundária Municipal.
O presidente da República Óscar Carmona condecorou-o, em 1933, com o Grau de Oficial da Ordem da Benemerência.
O nome de Afonso Vilela está também presente na toponímia de Santa Cruz, da Moçafaneira, do Turcifal e do Carvalhal, sendo que nesta última localidade existe um busto alusivo a esta figura que marcou de forma indelével a comunidade torriense no século XX.