Máscaras... Como objetos culturais têm sido utilizadas em todo o mundo, em todos os períodos desde a idade da pedra, e têm sido tão variadas na aparência, como no seu uso e simbolismo, assumindo diversas formas plásticas e servindo múltiplas funções sociais.

Associamos máscaras à celebração, como se colocar um rosto diferente nos permitisse sair do nosso “eu” quotidiano. Podemos gritar, dançar e gesticular com uma sensação de liberdade, sem temer as consequências da transgressão das normas sociais. Com uma máscara, não somos quem, normalmente, costumamos ser, podendo tornar-nos, ainda, mais visíveis.

Pretende-se, com esta exposição sobre máscaras, criar um espaço que promova as possibilidades criativas que emergem do evento Carnaval. Fotografias antigas do Carnaval de Torres Vedras, máscaras tradicionais portuguesas e alguns dos brinquedos que fazem parte da coleção municipal, foram as inspirações perfeitas para dar lugar a diferentes perspetivas sobre o tema.

Ao desafiar, seniores, jovens, pessoas com deficiência visual e crianças, representou-se uma gama diversificada de opiniões e experiências. Esta abordagem inclusiva permitiu uma compreensão e apreciação mais profunda do conceito de máscara, promovendo um sentimento de unidade e ligação entre os diferentes “criadores”.

Nesta mostra pretendeu-se envolver e abraçar o futuro influenciado pela tradição, assim, os participantes puderam explorar técnicas ancestrais, como a modelagem e o bordado, destacando a relevância de materiais como a pasta de papel, o barro, o grés, as lãs e desperdícios da indústria têxtil num contexto contemporâneo, estimulando o recurso a alternativas mais sustentáveis e assegurando a transmissão do conhecimento em contexto interdisciplinar e intergeracional.

Através do bordado, as participantes do projeto Tric(ô)ntando reinterpretaram rostos icónicos e tão familiares que, conjugando materiais improváveis como rede metálica e simples fios de lã, ganharam um novo potencial.

As possibilidades infinitas por de trás da plasticidade do barro vermelho e branco, permitiram que os alunos do 3º e 4º ano da Escola Básica de Orjariça – FAROL, oferecessem novas perspetivas e interpretações imaginativas numa abordagem despojada, livre e sem receios, reinterpretando caretos tradicionais portugueses, e palhaços “endiabrados” da coleção que se mostra neste Atelier dos Brinquedos.

Os participantes do Gabinete de Apoio à Deficiência Visual recorreram à memória para recriarem, com as suas perceções únicas por meio do toque e da textura e usando o grés como matéria prima, as expressões trapalhonas, tão características do Carnaval torriense.

Tanto a Associação para a Universidade da Terceira Idade de Torres Vedras como os jovens integrantes da 5ª edição da Academia Visual, exploraram figuras fantasiosas ou imaginadas tão presentes no universo do brinquedo, conferindo-lhes características humanas (classificadas como antropomórficas) e animais (teriomórficas).

As máscaras convidam as pessoas a olhar para nós e a apreciar o quão fora do comum nos apresentamos e, na maioria das vezes, esse faz-de-conta é tão emocionante quanto divertido!

Inauguração: 1 de março, às 15h00