Agenda
Estágio Orquestral Darcos/Conservatório Nacional
Até 8 de setembro 2023
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21h00
Evento já ocorrido
Os estágios de orquestra são momentos altos na vida de jovens instrumentistas. O processo de pré-seleção, as masterclasses, os ensaios intensivos, remetem para uma realidade profissional que os informa e enforma, numa experiência a todos os níveis gratificante.
A primeira edição do Estágio Orquestral Darcos - Escola de Música do Conservatório Nacional de Lisboa, conta com a presença do jovem clarinetista galardoado Telmo Costa, e as obras em concerto constituem, segundo Côrte-Real, uma "evocação elegíaca por uma época conturbada que nos rodeia". O Concerto para Clarinete K.623 foi estreado a 16 de outubro de 1791, em Praga, a escassas semanas da morte de Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791), tendo sido escrito a pedido de seu amigo Anton Stadler (1753-1812), clarinetista da orquestra imperial de Viena.
Ao longo de 3 andamentos (sendo que o 2º foi imortalizado na banda sonora do filme África Minha), Mozart dá testemunho da felicidade e tristeza de esperança e resignação, da percepção de que, muitas vezes, tais estados não representam polaridades distintas mas aspetos simultâneos de uma verdade mais profunda. Obra-prima da construção e retórica musical, com um discruso de grande impulso emotivo, a Sinfonia nº44 de Joseph Haydn (1770-1827) foi escrita entre 1770-1771, para a corte de Esterházy, da qual era mestre de capela. Insere-se no movimento artístico designado por Sturm und Drang, que se manifestou no domínio da música pelo uso de tonalidades menores, dissonâncias, cromatismos e por uma apetência por dinâmicas contrastantes, assim obtendo mudanças drásticas de ambientes e crescendos de intensidade até então inauditos. Este movimento lançaria a base para a concepção romântica da sinfonia no séc. XIX enquanto drama musical.
W. A. Mozart (1756-1791)
Concerto para Clarinete e orquestra, em Lá maior, K.622
I. Allegro
II. Adagio
III. Rondo: Allegro
J. Haydn (1770-1827)
Sinfonia nº44 em Mi menor, "Luto"
I. Allegro con brio
II. Menuetto e Trio: Allegretto
III. Adagio
IV. Finale: Presto
Clarinete: Telma Costa
Direção musical: Nuno Côrte-Real
Orquestra Sinfónica do Conservatório Nacional
Atividade Gratuita
"Nesta nova edição da Temporada Darcos, propomo-nos seguir a linha que tem norteado as temporadas anteriores: grande música, grandes intérpretes, mas procurando sempre pontos de contacto entre diferentes tradições, privilegiando o ecletismo e a inclusão. Por isso, desta vez escolhemos o lema da união pela música. Num mundo ainda muito desunido, dividido pelas políticas, pelas religiões, pelas desigualdades e pelos abomináveis racismos, cabe à arte proclamar bem alto que o único futuro sustentável é o da união.
A união pela paz, pelo amor, pelo planeta e pela liberdade. A união dos povos. Nós e os outros, duas realidades diferentes, mas na utopia que desejamos para o mundo as diferenças esbatem-se e convergem numa única realidade. É com esta convicção que a Temporada Darcos apresenta o seu projeto de fusão entre o fado e a música tradicional afegã, através da colaboração entre o Ensemble Darcos e o ANIMP (Afghan National Institute of Music), com o fadista Marco Oliveira e o guitarrista Miguel Amaral. Segundo o mentor e diretor do ANIMP, Dr. Ahmad Sarmast, dezenas de jovens estudantes afegãos fugiram ao terrível regime Talibã, viajando 6.592 quilóme-tros para poderem ter um futuro, e para que a música tradicional afegã pudesse sobreviver. Parece-nos triste e paradoxal que uma tradição milenar necessite do exílio para garantir a sua existência e preservação…
Também sob a égide da união, e visando criar pontes culturais de índole humanista, o mais ambicioso projeto da Temporada Darcos, Europa Sinfónica, será finalmente retomado (em suspenso desde 2020 devido aos anos de pandemia), com a primeira visita a Portugal da Orquestra da Ópera Estatal da Hungria, um dos mais antigos e prestigiados agrupamentos musicais europeus, e com a Orquestra da Toscana, instituição capital daquela região italiana, com sede em Florença. Estes dois programas terão como solistas os aclamados artistas portugueses António Rosado e Eduarda Melo. O ano de 2023 verá ainda nascer o projeto Folias, terceiro livro da série para coro e instrumentos, Novíssimo Cancioneiro, de Nuno Côrte-Real, desta vez inteiramente dedicado às danças portuguesas, reper-tório rico e variado que é mister revitalizar com vista a uma maior presença artística no panorama contemporâneo.
De destacar, por último, a estreia do projeto de fusão estética entre o jazz e o clássico, Nas asas do indefinido, com o Ensemble Darcos e a internacional cantora portuguesa Maria Mendes, procurando caminhos de fusão e desco-berta entre aqueles dois mundos distintos. Podíamos projetar neste último projeto musical, como exercício para as nossas próprias vidas, o caminho que a humanidade parece cada vez mais estar a necessitar: tomar o oposto, o contrário, o aparentemente inconciliável, e conciliá-los; entender as diferenças, aceitar as distinções, compreender as essências, e num desejo sincero de harmonia, conceber um horizonte onde a natureza varia do Homem possa existir pacificamente e sem mácula. Utopia, nunca te esqueceremos!" Nuno Côrte-Real
“A cultura é o grande observatório do humano” José Tolentino Mendonça (2021)
Na sua 16ª edição, a Temporada Darcos propõe um programa artístico que elege “A união pela música” como impulso e horizonte. Longe de constituir um cliché semanticamente esvaziado pela repetição, a afirmação prefigura um manifesto pelo direito a construir uma nova narrativa do futuro.
A Temporada Darcos enraíza-se num movimento cultural agregador de matriz cosmopolita que promove o encontro entre “diversidades”, aprofundando o diálogo, a cooperação e a participação cidadã. Repousa na profunda convicção de que as Artes e a Cultura – conceito poliédrico – devem assumir um papel central e não ornamental no âmago de qualquer projeto de desenvolvimento territorial. Ao longo da sua trajetória, um sistema capilarizado de relações tem sido delicadamente tecido, dirimindo distâncias entre instituições, coletivos artísticos e comunidades.
Na sua dimensão processual, a Temporada Darcos concorre para a edificação de uma ecologia de práticas colaborativas que, assentes na mutualização de experiências, conhecimentos e competências, aportam inovação e abrem caminho a diálogos fecundos materializados em projetos comuns.
Enquanto movimento fortemente comprometido com a educação, inequívoca alavanca de transformação, a Temporada Darcos tem contribuído para salvaguardar a acessibilidade a um patri-mónio artístico em permanente (re) criação e avigorar a literacia musical de uma “vasta maioria”.
A música, na sua pluralidade de expressões, é um universal de cultura, uma linguagem de convergência que nos projeta num espaço identitário partilhado. Em tempos marcados pelo desencanto, incerteza, fragmentação, dissolução e insularidade, a música, mais do que uma experiência salvática, hiperbolicamente escapista, ou de estrita e efémera fruição estética, oferece a possibilidade de pensar novas formas de habitar o mundo, de ousar outras vidas em comum." Ana Umbelino
Direção artística
Nuno Côrte-Real
Consultoria
Afonso Miranda
Projetos especiais
Vanessa Pires / Artway
Textos
José Bruto da Costa
Produção executiva
Bruna Moreira
Assistente de produção
João Barrinha
Gestão de apoios
Jorge Reis
Relações públicas e assessoria de imprensa
Débora Pereira
Contabilidade
Luís Silvestre
Imagem gráfica
Olga Moreira a partir de fotografias de Jorge Carmona
Comunicação e imagem
Câmara Municipal de Torres Vedras