Um ponto de encontro. É assim que se apresenta o Banco Local de Voluntariado de Torres Vedras, que faz a ponte entre pessoas dispostas a dar em prol do outro e entidades que trabalham nas mais variadas áreas da sociedade civil.

A iniciativa surgiu em 2006, tendo sido apontada como uma das respostas sociais necessárias no âmbito do primeiro Plano de Desenvolvimento Social de Torres Vedras.

Com cerca de 100 voluntários ativos, o apoio a seniores, a ação educativa e o ambiente (especialmente no que toca aos voluntários mais jovens) constituem-se como as principais áreas de interesse. Atualmente, o Banco Local de Voluntariado conta com de 30 entidades parceiras.

O Banco Local de Voluntariado apresenta, ainda, projetos como “Histórias com pernas para andar”, direcionado aos alunos do 1.º ciclo do ensino básico, Voluntariado de Proximidade – Freguesias da Cidade, destinado aos utentes do Serviço de Apoio Domiciliário, e o módulo pedagógico de voluntariado, que se destina a docentes.

As inscrições são efetuadas online, seguindo-se a formação inicial de voluntariado e uma entrevista, que pretende compreender as expectativas e áreas de interesse dos voluntários, de forma a encontrar oportunidades que se adequem ao seu perfil.

No dia em que celebra o seu 17.º aniversário, conheça alguns dos rostos do Banco Local de Voluntariado.

Ana Manita | Voluntária no projeto “Histórias com pernas para andar”

“Fui educadora de infância durante 36 anos. Quando me reformei, inscrevi-me logo no voluntariado […] As escolas é que fazem a inscrição no projeto ‘Histórias com Pernas para Andar’. Acontece uma vez por mês, durante nove meses.

Há dois anos para cá, a Fábrica das Histórias – Casa Jaime Umbelino escolhe a ‘história do ano’ e é a mesma história que vai a todas as escolas. Arranjei alguns acessórios enquadrados no livro, como uma coluna daquelas artesanais que amplifica o som do telemóvel. No fim, eles deitam-se e põem uns barquinhos de papel em cima da barriga. Quando respiram, o barquinho vai para cima e para baixo. E levo o ‘pote da calma’.

Poder tornar crianças felizes, esse é o meu grande objetivo. Cada dia em que vou às escolas, venho cheia. Eu delicio-me. Vejo-os sonhar. E eu sonho com eles.”

Vitor Gageiro | Centro de Acolhimento de São Pedro da Cadeira

“Aderimos ao Banco Local de Voluntariado em 2019. Inicialmente aderimos ao projeto ‘Faz Parte’, que levou uma jovem a fazer voluntariado durante 15 dias. Ainda hoje tem contacto com os utentes e por vezes faz algumas visitas. Criou ali uma grande amizade.

É nesse sentido que também achamos que o voluntariado é importante, porque deixa sempre marcas humanas. O Banco Local de Voluntariado é um projeto muito humano […] É muito importante porque existe uma organização, nós sabemos que podemos recorrer e que podemos contar com um método de trabalho […]

Descreveria o voluntariado como uma entrega humana, total, sem receber nada em troca, sem estar à espera de nada. Simplesmente dar.”

Duarte Lucas | Associação para a Educação de Crianças Inadaptadas (APECI) de Torres Vedras

“Os projetos de voluntariado na APECI têm sido nas áreas da saúde, artes, apoio social e desporto adaptado. Atualmente, estão envolvidos entre 8 a 10 voluntários. O impacto é enorme, quer ao nível das equipas em si, dos colaboradores, quer na população a que prestamos apoio. Isso vai ter um impacto enorme ao nível do desenvolvimento, da integração e da inclusão da pessoa com deficiência […]

Sempre estivemos envolvidos em projetos de voluntariado. Aliás, a própria direção é toda voluntária. Ao longo dos 44 anos - que fazemos este ano - todo o corpo diretivo tem sido voluntário […]

Desde os meus 15 anos que faço voluntariado em várias associações. Sempre gostei da área social, de ajudar os outros, de partilhar com os outros os meus conhecimentos. Mas também me enriqueceu muito, este tempo que tenho de voluntário, que são quase 45/46 anos.

Adiram ao Banco Local de Voluntariado. Participem na vida comunitária e na vida ativa das associações. Irá ser uma forma bastante enriquecedora para todos. O mundo será melhor, o país será melhor, se houver esta participação a nível comunitário e em prol do outro.”

Nicolle Santos | Banco Local de Voluntariado

“O Banco Local de Voluntariado existe desde 2006 e atua como um elo de ligação entre a vontade de fazer voluntariado e a entidade que quer acolher voluntários, nas suas diversas áreas e vertentes.

Somos realmente um banco, com uma bolsa de voluntários inscritos, e também damos apoio às entidades que queiram implementar projetos de voluntariado e que não saibam como fazer ou como gerir os voluntários e esse processo […]

É um serviço com muitos altos e baixos, porque estamos muito dependentes do interesse das pessoas e da sua disponibilidade. Lá está, já passaram mais de 900 pessoas pelo banco, por entrevistas, formações iniciais de voluntariado… No entanto, a nível de voluntários ativos, rondam os 150 […]

Há uma coisa que é comum ao que os voluntários nos dizem nas entrevistas e àquilo que as entidades referem: trabalhar para o bem comum. De uma maneira ou de outra, todas as pessoas que já passaram por nós, sentiram ou sentem a necessidade de contribuir para um grupo da sociedade, para a sociedade de um modo geral, para o ambiente ou os animais.”

Margarida Leal | Fundação Lar de São Francisco

“Tem funcionado muito bem, quer na creche, quer no lar. Mas essencialmente no lar tem sido muito gratificante, porque tem havido voluntárias de várias idades, o que é muito importante para a transmissão de conhecimentos e histórias. As pessoas com uma certa idade ficam sempre muito felizes por ver ‘caras novas’. Portanto, é de extrema importância essa interação.

Recordo-me que tivemos uma senhora já reformada e foi extremamente interessante, porque foi buscar coisas que são praticamente as únicas memórias que os utentes neste momento têm. Em relação aos elementos mais novos, trazem sempre uma novidade, desde a construção do jardim das ervas aromáticas aos desafios de pintura […]

A instituição é uma IPSS, tem o seu lugar no tecido social. É formada, em termos de administração, por voluntários. Também faço parte do Banco Local de Voluntariado. E foi sempre isso: reverter a favor da sociedade aquilo que fomos recebendo ao longo dos anos […]

Eu recordo uma definição muito interessante de Bento XVI sobre justiça e amor, em que ele refere que a justiça é dar ao outro aquilo que é dele e o amor é dar ao outro aquilo que é nosso […] O Banco e os voluntários podem, com a sua voz, fazer perfeitamente a diferença. E não há nada melhor do que dar o nosso tempo.”