As frases feitas, os clichés, os lugares comuns, passam a dominar a comunicação diária, eliminando desta maneira a autenticidade das relações humanas, gerando-se assim seres autómatos, desprovidos de emoções, de paixões, de projetos, perfeitamente substituíveis uns pelos outros, como se de verdadeiros clones se tratassem. Seres que deixaram de pensar, colhidos pela alienação, por uma espécie de autismo, por uma realidade vazia, sem imaginário e sem unidade. 

Esta performance representa a mulher escrava dos seus conformismos, vivendo de uma maneira indiferente, formatada e mecânica. É justamente tudo isto que a leva a perder o conteúdo psíquico. Por fim, o cansaço e a inércia atingem um limite, um ponto de rotura, e nela emerge um grau de consciência bastante para o desejo de si se introduzir e um pouco mais consciente tentar reencontrar-se. Inicia então a viagem interior em busca do seu EU (e de um projeto de vida autónoma)  através da metáfora da Crisálida. 

No fundo, trata-se de uma fábula: a lagarta cega, frágil e fútil, que na hora da sua redenção, uma força interior (ou exterior?) a impele a metamorfosear-se num ser alado que se liberta do chão raso que a domina.

Vídeo e sonoplastia: Nuno Relvas
Criação: Tatiana Nozes
Com: Laura Fernandes, Tatiana Silva e Tatiana Nozes