Torres Vedras

Agenda

Nas asas do indefinido [CANCELADO]

Jazz, canções originais, fado e clássico ocidentais

Até 9 de dezembro 2023 | 21h30

Música

Evento já ocorrido

Local: Cine-teatro de Alcobaça

Esta atividade integra o(s) programa Temporada Darcos 2024

No aclamado filme de Wim Wenders, As Asas do Desejo, um anjo abdica da sua imortalidade perante uma paixão que o consome. Neste conflito entre o divino e o efémero, a eternidade e a vida, a acção desenrola-se numa cidade de Berlim, ainda dividida por um muro, mergulhada numa atmosfera elegíaca. Parafraseando este filme, o concerto Nas Asas do Indefinido apresenta um benévolo conflito entre jazz, fado, canções originais e clássicos da cultura ocidental, uma fábula musical envolvente onde a multiplicidade de caminhos conduz o ouvinte não à chegada mas à partida, num depurar da essência do que é a música.

Há muito radicada em Roterdão, Maria Mendes é uma das vozes mais aclamadas do jazz europeu, destacando-se por fazer da língua portuguesa o seu principal veículo de expressão musical. Sendo a única artista portuguesa no feminino a receber uma indicação ao Grammy Americano, em 2020 venceu o presti-giado EDISON Jazz Awards, bem como uma indicação ao Grammy Latino. A sua recente incursão pelo fado, demonstra qualidades caleidoscópicas, secundadas por Côrte-Real e o Ensemble Darcos, numa expectável cumplicidade entre dois músicos que têm marcado o seu percurso musical por um olhar inquiridor e descomplexado, explosivo na forma como cruzam estilos e universos sonoros.

Nas Asas do Indefinido tem como motivo unificador o tema do 1º andamento do trio op.97 de Beetho-ven (1770-1827), uma idée fixe que, ao contrário da canónica definição, estabelece pontes etéreas por onde todos somos convidados a circular. Se a obra de Wenders pauta-se por um estático preto-e-branco, quase a raiar a distopia, são os matizes cromáticos de cada uma das peças convocadas neste concerto que se sobrepõem, qual composição feérica e utópica. Como escreveu Fernando Pessoa “O sonho é ver formas invisíveis / da distância imprecisa, e, com sensíveis / movimentos da esperança e da vontade (…)”.

 

Voz: Maria Mendes
Direção musical e sintetizador: Nuno Côrte-Real
ENSEMBLE DARCOS


Atividade Gratuita


"Nesta nova edição da Temporada Darcos, propomo-nos seguir a linha que tem norteado as temporadas anteriores: grande música, grandes intérpretes, mas procurando sempre pontos de contacto entre diferentes tradições, privilegiando o ecletismo e a inclusão. Por isso, desta vez escolhemos o lema da união pela música. Num mundo ainda muito desunido, dividido pelas políticas, pelas religiões, pelas desigualdades e pelos abomináveis racismos, cabe à arte proclamar bem alto que o único futuro sustentável é o da união.

A união pela paz, pelo amor, pelo planeta e pela liberdade. A união dos povos. Nós e os outros, duas realidades diferentes, mas na utopia que desejamos para o mundo as diferenças esbatem-se e convergem numa única realidade. É com esta convicção que a Temporada Darcos apresenta o seu projeto de fusão entre o fado e a música tradicional afegã, através da colaboração entre o Ensemble Darcos e o ANIMP (Afghan National Institute of Music), com o fadista Marco Oliveira e o guitarrista Miguel Amaral. Segundo o mentor e diretor do ANIMP, Dr. Ahmad Sarmast, dezenas de jovens estudantes afegãos fugiram ao terrível regime Talibã, viajando 6.592 quilóme-tros para poderem ter um futuro, e para que a música tradicional afegã pudesse sobreviver. Parece-nos triste e paradoxal que uma tradição milenar necessite do exílio para garantir a sua existência e preservação…

Também sob a égide da união, e visando criar pontes culturais de índole humanista, o mais ambicioso projeto da Temporada Darcos, Europa Sinfónica, será finalmente retomado (em suspenso desde 2020 devido aos anos de pandemia), com a primeira visita a Portugal da Orquestra da Ópera Estatal da Hungria, um dos mais antigos e prestigiados agrupamentos musicais europeus, e com a Orquestra da Toscana, instituição capital daquela região italiana, com sede em Florença. Estes dois programas terão como solistas os aclamados artistas portugueses António Rosado e Eduarda Melo. O ano de 2023 verá ainda nascer o projeto Folias, terceiro livro da série para coro e instrumentos, Novíssimo Cancioneiro, de Nuno Côrte-Real, desta vez inteiramente dedicado às danças portuguesas, reper-tório rico e variado que é mister revitalizar com vista a uma maior presença artística no panorama contemporâneo.

De destacar, por último, a estreia do projeto de fusão estética entre o jazz e o clássico, Nas asas do indefinido, com o Ensemble Darcos e a internacional cantora portuguesa Maria Mendes, procurando caminhos de fusão e desco-berta entre aqueles dois mundos distintos. Podíamos projetar neste último projeto musical, como exercício para as nossas próprias vidas, o caminho que a humanidade parece cada vez mais estar a necessitar: tomar o oposto, o contrário, o aparentemente inconciliável, e conciliá-los; entender as diferenças, aceitar as distinções, compreender as essências, e num desejo sincero de harmonia, conceber um horizonte onde a natureza varia do Homem possa existir pacificamente e sem mácula. Utopia, nunca te esqueceremos!" Nuno Côrte-Real

“A cultura é o grande observatório do humano” José Tolentino Mendonça (2021)

Na sua 16ª edição, a Temporada Darcos propõe um programa artístico que elege “A união pela música” como impulso e horizonte. Longe de constituir um cliché semanticamente esvaziado pela repetição, a afirmação prefigura um manifesto pelo direito a construir uma nova narrativa do futuro.

A Temporada Darcos enraíza-se num movimento cultural agregador de matriz cosmopolita que promove o encontro entre “diversidades”, aprofundando o diálogo, a cooperação e a participação cidadã. Repousa na profunda convicção de que as Artes e a Cultura – conceito poliédrico – devem assumir um papel central e não ornamental no âmago de qualquer projeto de desenvolvimento territorial. Ao longo da sua trajetória, um sistema capilarizado de relações tem sido delicadamente tecido, dirimindo distâncias entre instituições, coletivos artísticos e comunidades.

Na sua dimensão processual, a Temporada Darcos concorre para a edificação de uma ecologia de práticas colaborativas que, assentes na mutualização de experiências, conhecimentos e competências, aportam inovação e abrem caminho a diálogos fecundos materializados em projetos comuns.
Enquanto movimento fortemente comprometido com a educação, inequívoca alavanca de transformação, a Temporada Darcos tem contribuído para salvaguardar a acessibilidade a um patri-mónio artístico em permanente (re) criação e avigorar a literacia musical de uma “vasta maioria”.

A música, na sua pluralidade de expressões, é um universal de cultura, uma linguagem de convergência que nos projeta num espaço identitário partilhado. Em tempos marcados pelo desencanto, incerteza, fragmentação, dissolução e insularidade, a música, mais do que uma experiência salvática, hiperbolicamente escapista, ou de estrita e efémera fruição estética, oferece a possibilidade de pensar novas formas de habitar o mundo, de ousar outras vidas em comum." Ana Umbelino

Direção artística
Nuno Côrte-Real

Consultoria
Afonso Miranda

Projetos especiais
Vanessa Pires / Artway

Textos
José Bruto da Costa

Produção executiva
Bruna Moreira

Assistente de produção
João Barrinha

Gestão de apoios
Jorge Reis

Relações públicas e assessoria de imprensa
Débora Pereira

Contabilidade
Luís Silvestre


Imagem gráfica
Olga Moreira a partir de fotografias de Jorge Carmona


Comunicação e imagem
Câmara Municipal de Torres Vedras

Última atualização: 23.11.2023 - 16:31 horas
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