Até há cerca de 100 anos, as mulheres da ilha do Pico, nos Açores, desconheciam as regras e técnicas do crochet. Foi graças à intervenção de Jesuína Lemos e de sua cunhada, Maria Zulmira, e à capacidade das rendeiras de se adaptarem ao delicado fio de algodão e à finura da farpa, que a vida se tornou menos difícil e que esta população excedentária combateu a falta de recursos.
Desenvolveu-se, a partir daí, uma organizada produção de rendas de farpa, onde cada rendeira se aperfeiçoou a fazer cada vez melhor determinada tarefa, o que originou a chamada indústria caseira de rendas, cuja singularidade reside na forma artística e harmoniosa como os seus elementos de base são ligados entre si.
Hoje as rendas do Pico e do Faial são certificadas e continuam a ser uma mais-valia para a economia doméstica.

Teresa Perdigão
Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas e Mestra em Antropologia.
Tem-se dedicado, como antropóloga, à investigação na área das culturas regionais focalizando os seus trabalhos em temas relacionados com a Religiosidade, os Costumes e as Tradições de raízes europeias. Tem colaborado com jornais e revistas, que tem feito conferências, realizado filmes e publicado livros.
É investigadora no Instituto de Estudos de Literatura e Tradição – IELT.

Quanto aos livros, destaque para:
* PORTUGAL – FESTAS E ROMARIAS, editado pela Editora Ediclube;
* OS TESOUROS DO ARTESANATO EM PORTUGAL, editado pela VERBO ((4 Volumes) - VOLUME I – Madeiras e fibras vegetais;
VOLUME II – Têxteis ;
VOLUME III – Cerâmica;
VOLUME IV – Pedra e Metais)
* MÁSCARAS EM PORTUGAL, Inapa, 2003 (Coautora e coordenadora)
* "A primeira geração de rendeiras de farpa" in Rendas do Pico e do Faial, CRAAT,Açores, 2004