Smara é uma terra que fica tão longe que é preciso apanhar um avião para lá chegar. Rosa nunca tinha andado de avião, também não havia crianças com quem partilhar o medo, só ela e todo aquele céu. Smara conta a história de uma criança que viaja com o seu pai para o deserto e depara-se com uma realidade muito diferente da que conhece. Conta especialmente o encontro de Rosa com a velha Ugago.

Na simplicidade do contar encontra a tranquilidade na relação com o público, tornando-o coautor da performance. Interessa que cada criança, num primeiro momento, crie no seu imaginário a avó Ugago e a Rosa. Esse espaço à imaginação é proporcionado pela limpeza do espaço e da interpretação. Já num segundo momento, o espaço cénico e a interpretação vão-se metamorfoseando em sombras, ambientes, personagens e cantos. No fundo, Smara é uma viagem a uma cidade desconhecida, mas é também uma viagem estética, onde o som/música, a palavra e a imagem semeiam imaginários poéticos. Falar do 'outro' como estranho e nessa estranheza pensar o quanto o diferente é tão igual no essencial, é também o tema de Smara. É também nesse lugar – o das emoções – que refletimos sobre a morte e sobre os ciclos da vida.

A partir do texto original de Paula Caballeira
Criação e Interpretação: Susana Cecílio Música: Luís Correia Carmelo Realização Plástica: Nuno Borda de Água
Ilustração: Mariana Gervásio
Um espetáculo AL.GU.RES, Coletivo de Criação