Torres Vedras

Agenda

Reserva | Fórum de Inovação de Gastronomia e Vinho

Até 3 de novembro 2019 | 15h00 às 22h00

Evento

Evento já ocorrido

Local: Pavilhão Expo, Parque Regional de Exposições

Esta atividade integra o(s) programa Festas de Torres Vedras

O Reserva | Fórum de Inovação de Gastronomia e Vinho decorre entre os dias 1 e 3 de novembro. Os melhores néctares da região vão estar no Pavilhão Expo do Parque Regional de Exposições, entre as 15h00 e as 22h00.

O evento vai promover o trabalho dos produtores locais, mas também dar a conhecer iniciativas e projetos inovadores associados ao vinho e à vinha, à gastronomia local, aos produtos endógenos e aos serviços associados.

Por três euros, poderá adquirir um copo de vidro com porta-copos e ter acesso às provas que dão forma ao “Reserva”.

 

PROGRAMA

1 de novembro

15h00 às 22h00 | Para petiscar e harmonizar - restaurante Picanharia

O restaurante Picanharia é convidado a participar nesta mostra permanente de cheiros aromas e sabores. O público poderá degustar um petisco gastronómico das propostas dos restaurantes aderentes.

Propostas:

  • Porco Estufado à Torriense com mexilhão e tomate e arroz de frutos secos;
  • Quiche de abóbora e legumes com broa crocante.


15h00 às 16h00 | A seleção do chef: Tiago Emanuel Santos (restaurante Quorum) - tema: arroz

É o conduto incontornável, mesmo acompanhando pratos completos. O português tem sempre espaço para o arroz nas suas refeições. O chef Tiago Emanuel Santos conhece bem o produto e suas muitas declinações culinárias.


16h00 às 17h00 | Conversa selecionada: O papel do Smart Farm Colab na mitigação das alterações climáticas na vinicultura

José Eiras Dias coordenador do pólo de Dois Portos do INIAV  | Estudo de caracterização morfológica e molecular das variedades nacionais de videira - Projeto Nacional de Apelografia

José Silvestre INIAV de Dois Portos – Estudo de adaptação das variedades de videira às alterações climáticas.

Pedro Brasil | PIXAIR - Fotografia e imagem aérea | Como podem as tecnologias apoiar a vitivinicultura.


17h00 às 18h00 | A seleção do chef: José Maria Lino, Quinta da Almiara e Bacalhau Constantinos - tema: bacalhau


17h30 às 18h30 | Concurso "A minha sobremesa tem Pastel de Feijão de Torres Vedras"


18h30 às 19h30 | A seleção do chef: Rui Fernandes - tema: uvada na gastronomia


19h00 às 20h00 | A seleção do enólogo: Julião Batista, Adega Cooperativa de Carvoeira

Provas comentadas com o enólogo Julião Batista, da Adega Cooperativa de Carvoeira. O público terá a oportunidade de ficar a conhecer um pouco melhor os vinhos de Torres Vedras a partir dos especialistas envolvidos na sua criação.


20h30 às 21h30 | Música selecionada: Bia Maria, música portuguesa

Beatriz de nome, Maria na voz e Oureense de gema.

A sua música é uma mistura de sonoridades doces, mas crescidas, que nos transportam até um universo de palavras certas, sobre histórias de amor e desamor, presságios e sonhos. Um passeio desde a bossa nova ao pop, com um jeito de fado sempre cantado no tão bonito português.

Podemos encontrá-la no projeto a "Música Portuguesa a Gostar dela Própria" a interpretar canções como Maria ou Andorinhas da sua autoria ou no Fnac Novos Talentos’19 com Dissabor. Tendo tocado um pouco por todo o país destaca-se a sua atuação no Palco Coreto do NOS Alive'19.

Apresenta-se sozinha ou acompanhada por amigos e prepara neste momento o seu primeiro EP –Mal Me QueresBem Te Quero, a ser editado no mês de outubro pela Chinfrim Discos. Até lá podem ouvir o single José.


2 de novembro

15h00 às 22h00 | Para petiscar e harmonizar - Restaurante... do Pisão

O Restaurante... do Pisão é convidado a participar nesta mostra permanente de cheiros aromas e sabores. O público poderá degustar um petisco gastronómico das propostas dos restaurantes aderentes.

Propostas:

  • Samos de bacalhau de escabeche – 3 €;
  • Sandes de pão saloio, com porco no forno, legumes da nossa região e marmelada com vinho abafado de dois portos e maionese de Chipotle – 3.50 €; 
  • Caril vermelho de polvo das nossas  praias com chutney de pera rocha e chapaty – 4 €.


15h00 às 16h00 | A seleção do chef: João Sá (restaurante Sála) - tema: cascaria

Jovem chef de reconhecidos méritos, já passou pela chefia de cozinhas de grandes restaurantes de Lisboa, para além de um trabalho exemplar como professor na Escola de Hotelaria de Lisboa, é conhecido pelas suas abordagens inovadoras de fusão de sabores e de recuperação de sabores e memórias tradicionais.


15h00 às 17h00 | Concurso "Pastel de Feijão de Torres Vedras 2019"


18h00 | Lançamento do Guia de Enoturismo de Torres Vedras


18h30 às 19h30 | Conversa selecionada: Enoturismo: de Torres Vedras para o Mundo

Moderador: Edgar Lameiras | IPL - coordenador dos pós graduação Wine Business
Oradores:

  • António Pé Curto  | Projeto Wine Discovery - "Alle wine - My winescape experience"
  • Emanuel Janeiro | RECEVIN - "Wine Senses"
  • Apresentação de projetos de Torres Vedras | Produtores locais: Quinta da Boa Esperança e Adega Cooperativa de São Mamede

19h00 às 20h00 | A seleção do enólogo: Rui Vieira, Adega Cooperativa de São Mamede da Ventosa

Provas comentadas com o enólogo Rui Vieira, Adega Cooperativa de São Mamede da Ventosa. O público terá a oportunidade de ficar a conhecer um pouco melhor os vinhos de Torres Vedras a partir dos especialistas envolvidos na sua criação.


19h30 às 20h30 | A seleção do chef: Patrícia Borges (Docapesca Peniche) - projeto "É Carapau!"

Nascida e criada em Peniche, acabou por formar-se em cozinha e hoje é uma especialista em pescado. Patrícia Borges, chef e docente na Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar (ESTTM), em Peniche, é uma espécie de embaixadora da Docapesca e sempre que tem possibilidade tenta ensinar os consumidores a escolher um bom peixe. Acima de tudo, um que seja sustentável, como a cavala ou o carapau.

É neste contexto que a chef Patrícia se torna embaixadora da quinzena gastronómica do carapau de Torres Vedras “É carapau!” neste showcooking.



20h30 às 21h00 | Música selecionada: Nanã Sousa Dias, trio jazz

Nanã Sousa Dias.

Nasceu em Torres Vedras e desde cedo demonstrou interesse pela música. Tocou com inúmeros artistas e a solo. O jazz foi sempre uma inspiração, daí ter sido convidado várias vezes por Luís Villas-Boas para tocar nos Festivais de Jazz de Cascais, Estoril e Lisboa. Outra paixão que tem para além da música é a fotografia. Pensamos não estar longe da verdade quando dizemos que ao observarmos alguns dos seus trabalhos fotográficos, nos vem à cabeça o som do seu saxofone como música de fundo… No “Reserva” Nanã apresentará sons do jazz com o acompanhamento de bateria e teclado e alguns dos seus trabalhos fotográficos servirão de pano de fundo.


21h00 às 22h00 | Cerimónia de entrega de prémios dos concursos "Pastel de Feijão de Torres Vedras 2019", "Vinho tinto e vinho branco de Torres Vedras 2019", "A minha sobremesa tem Pastel de Feijão de Torres Vedras 2019" e "Concorso Enologico Internazionale 2019 Città del Vino"
 

3 de novembro

15h00 às 22h00 | Para petiscar e harmonizar - restaurante wine bar O Patanisca

O restaurante wine bar O Patanisca é convidado a participar nesta mostra permanente de cheiros aromas e sabores. O público poderá degustar um petisco gastronómico das propostas dos restaurantes aderentes.

Propostas:

  • Pataniscas de bacalhau;
  • Pataniscas de polvo;
  • Pataniscas vegetarianas;
  • Cabra cega (trouxa de queijo de cabra envolva do massa filo, regada com fios de mel e polvilhada com nozes tostadas);
  • Torre de Sabor (sobremesa à base de pastel de feijão com paredes de bolacha de cerveja, coberta com amêndoa laminada tostada e doce de ovo).


15h00 às 16h00 | A seleção do chef: Rodrigo Castelo (restaurante Taberna Ó Balcão) - tema: peixes menores do mar e do rio

chef Rodrigo Castelo, conhecedor profundo da fauna de água doce e salgada, tem desenvolvido trabalho notável na valorização das diferentes espécies e respetivas possibilidades culinárias.


16h00 às 17h00 | Conversa selecionada: Uvada em Torres Vedras - uma memória coletiva de saberes e afetos 

Oradores:

  • Filomena Sousa e José Barbieri |Memória Imaterial | Apresentação da pesquisa e contextualização da uvada em Torres Vedras e exibição de documentário
  • Ilda Caldeira | Investigadora do INIAV- pólo Dois Portos| Uvada - Da tradição à inovação: resultados científicos de vários estudos realizados no INIAV
  • Ana Duarte | Moinhos da Capucha | Uvada e a sua Energia | Apresentação do projeto candidatado ao programa de Aceleração Tourism UP e Taste UP – 2018 - Turismo de Portugal


17h00 às 18h00 | Prova comentada de uvadas de Torres Vedras

 

18h00 às 19h00 | A seleção do chef: Hugo Batista e Marco Cruz (restaurante Átrio) - tema: polvo e sardinha

No mar esta união seria impossível, contudo, neste espetáculo de cozinha os chefs Hugo Batista e Marco Cruz do restaurante Átrio de Torres Vedras irão mostrar que, no prato, esta união fará muito sentido.

18h30 às 19h30 | Cocktails originais com produtos de Torres Vedras | bartender Miguel Gomes - tema: OldNosey e Terra de Dinossauros 

 

19h00 às 20h00 | A seleção do enólogo: Alexandra Mendes, Adega Cooperativa de Dois Portos

Provas comentadas com a enóloga Alexandra Mendes, da Adega Cooperativa de Dois Portos. O público terá a oportunidade de ficar a conhecer um pouco melhor os vinhos de Torres Vedras a partir dos especialistas envolvidos na sua criação.


20h00 às 21h00 | A seleção do chef: Fernando Campina - tema: "Carapau de corrida" - sushi de carapau, algas, tomate e biovivos

sushi de Fernando Campina irá surpreender pela sua criatividade e sabor, onde os produtos locais, especialmente o tomate serão a combinação perfeita.


21h00 às 21h30 | Música selecionada: Campina Dj

Do jazz ao punk rockfunkchillDnBreggaedub e bossa! Desde sempre um Digger insaciável tornou-se DJ com versatilidade musical capaz de se adaptar a vários ambientes musicais. Primeiros passos dados ao serviço Radio Kaset com alguns podcasts e atuações que permitiram abrir algumas "portas" em 2013 e 2014 e 2015 para Santa Cruz Ocean Spirit e Santa Summer Sounds, Living Opera, Noah - Surf House até ao circuito Nacional DC Skate Challenge com Dj Guilhas desde então.



Vinhos - o
 Terroir de Torres Vedras

A frescura da influência atlântica e a diversidade explicam a variedade e a fama dos vinhos produzidos neste território.

Com uma ocupação superior a sete mil hectares de vinha, são mais de vinte os produtores que apresentam verdadeiros néctares. As terras de Torres Vedras são, essencialmente, de policultura. No entanto, a vinha, que se espalha pelas suas encostas ocupa um lugar cimeiro. A tradição vinícola remonta, pelo menos, ao tempo da colonização romana. Já a cultura metódica da vinha parece ter-se reforçado em meados do século XVIII, e no início do século XX o vinho “Torres” foi reconhecido pelo Decreto nº1 de 10 de maio de 1907.

A vinha estende-se por todo o concelho de Torres Vedras ocupando solos provenientes de formações Jurássicas e eventualmente do Cretácico. A proximidade do Oceano Atlântico e os solos predominantemente argilo-calcários, cuja textura pode variar entre argilosa e franco-arenosa, produzem vinhos muito originais.

O Sol mediterrânico expressa-se em fáceis maturações e força alcoólica, enquanto o tempero Atlântico, de neblinas e brisas estivais, equilibra a acumulação de açúcares, resultando em vinhos marcados por uma refrescante acidez natural e grande mineralidade. Os vinhos brancos e tintos são conhecidos e apreciados, sendo considerados dos melhores que se produzem em Portugal.

"Dos vinhos produzidos, os tintos são encorpados e cheios de cor, muito secos podem envelhecer vários anos, e adquirem com o envelhecimento uma qualidade notória, desde que acondicionados e guardados de forma apropriada. Os vinhos brancos de cor amarelo-citrino, pouco carregada, são decididamente aromáticos sem excessos e são muito procurados para acompanhar iguarias várias."


Gastronomia

Torres Vedras, território de ampla riqueza gastronómica concebida por produtos da terra, genuínos, e de paladares que remetem para a tradição.

A contemporaneidade atribuída à tipicidade da gastronomia local permite a recriação de tempos ancestrais, desvendando segredos que os sentidos respigam.

Do mar surte uma das bases gastronómicas associada à cultura deste povo. Da terra, os sabores mais cuidados. Da história, a herança dos saberes. Da inspiração, a paixão pela partilha de momentos de comunhão à volta da mesa.

Em Torres Vedras, a gastronomia funde-se com a experiência de viver e sentir uma terra que bem acolhe, onde a diversidade, a qualidade e o requinte permitem mergulhar num jardim de paladares, aromas e tonalidades que conferem carisma ao lugar.

O outono anuncia, cuidadosamente, os temperos mais vigorosos que se atribuem aos produtos da época configurando criatividade às propostas dos chefes. Terminada a vindima, é tempo de celebrar, de provar e de partilhar o melhor que a vida nos dá nas Festas da Cidade de Torres Vedras!


Enoturismo

O vinho e a gastronomia estão nos lugares cimeiros do que os turistas procuram. Importante fator de diferenciação, o enoturismo permite não só a degustação e a aquisição de vinhos, como a oportunidade de viver experiências únicas, fruto de um rico património histórico e cultural.

Os vinhos na região vinícola de Torres Vedras são parte integrante de uma oferta diversificada que inclui um rico património histórico e cultural e um vasto conjunto de equipamentos como quintas, adegas, museus, restaurantes e lojas especializadas em vinhos, sem esquecer os eventos que lhe são dedicados.

Terra de turismo por excelência, Torres Vedras possui também uma rede de unidades de alojamento diversificada e de qualidade, desde hotéis 5*, a alojamentos de turismo rural inseridos na natureza e parques de campismo, que permitem ao visitante uma diversidade de escolha.


Pastel de Feijão de Torres Vedras 

O Pastel de Feijão de Torres Vedras é um bolo de pastelaria, doce, individual de pequeno formato, assado no forno. Tem, como base, os ingredientes tradicionalmente utilizados na pastelaria conventual portuguesa. O recheio compõe-se de feijão branco popularmente conhecido como feijão “fidalgo”, miolo de amêndoa (recentemente pelada), gemas de ovos, açúcar e água. A massa envolvente, de farinha, água, gordura vegetal e sal.

É um doce de consumo individual, com formato típico de um pastel ou pequeno bolo confecionado tradicionalmente nos lares portugueses. A forma é tronco cónica de menor diâmetro na base; o tronco vai alargando até ao topo e remata numa superfície circular, levemente abaulada, de maior diâmetro e com bordos bem definidos. À vista, a base e a parede tronco cónica, de tonalidade amarelo palha e brilho mate, apresentam uma textura lisa e fina, bem formada e uniforme, de aspeto quebradiço, deixando perceber, através da massa envolvente, os constituintes do recheio. A parte superior, mais rugosa, baça e crocante, denota a migração do açúcar e respetiva cristalização, apresenta uma tonalidade castanho-dourada. Verificam-se, por vezes, pequenas variações na tonalidade em resultado da temperatura do forno e duração do tempo de cozedura.

As dimensões são, de um modo geral, homogéneas, mas com pequenas variações impostas pelas formas utilizadas por cada fabricante (o peso de cada pastel situa-se entre 60 a 75 gr; a altura, entre 25 e 34 mm; o diâmetro da base entre 30 a 45 mm e o superior, entre 60 a 70 mm).

Ao corte, o recheio – ou espécie – é amarelo (cor que lhe é conferida pela grande quantidade de gemas utilizadas na sua confeção), grumoso e húmido, notando-se a amêndoa triturada e mesmo o feijão, de consistência esponjosa.

Ao provar, sente-se a capa a cortar e o recheio a envolver-se, transmitindo o paladar único deste doce. O Pastel de Feijão de Torres Vedras tem um aroma claro a amêndoa, por vezes a gema de ovo, sentindo-se também, por fundo, o feijão. O sabor da amêndoa é o último a desaparecer do paladar após a ingestão.

Todos os ingredientes utilizados são naturais, e de origem vegetal (exceto a água e o sal), sendo os mesmos que se utilizam desde a origem do Pastel de Feijão de Torres Vedras, sem recurso a quaisquer aditivos ou auxiliares tecnológicos.

Apresenta-se acondicionado individualmente num invólucro de papel apropriado, ostentando menções alusivas ao produto ou ao produtor assim como as caixas de papel de 6 ou 12 unidades. Esta é a forma tradicional de apresentação.

A área geográfica de produção e de acondicionamento do Pastel de Feijão corresponde exatamente à área do concelho de Torres Vedras. Um particular "saber fazer local", consequência de um longo percurso de observância de velhas práticas, ainda que com muito ligeiras diferenças de acordo com o “ramo histórico” de cada produtor é, porventura, o segredo que distingue o método de fabrico do Pastel de Feijão de Torres Vedras granjeando-lhe uma enorme reputação.


Uvada de Torres Vedras

A Uvada é um doce de fruta, todos os ingredientes utilizados são de origem agrícola, preparado com o mosto de uva fervido, chamado arrobe, ao qual se junta fruta cortada em pedaços, mais frequentemente maçãs. Confecionada sem açúcar junta usualmente 3 ingredientes - o sumo da uva madura (se possível de maior grau), as maçãs de espécie variada e a canela (em pau durante a cozedura e/ou em pó no final para dar sabor e decorar - opcional).

Hoje, uns usam mosto das suas vinhas, outros compram o mosto a produtores de vinho de Torres Vedras. O objetivo é utilizar o mosto fresco, não fermentado. O tipo de casta varia conforme a disponibilidade e o gosto de cada um, sendo frequentes as castas Fernão Pires e João Santarém/ Piriquita.

Há algumas décadas, na zona de Torres Vedras, o pero “focinho de coelho”, pero “ferro” ou “maçã azeda” eram as espécies mais utilizadas para juntar ao concentrado de mosto e fazer a uvada. Hoje, porque não se encontra facilmente estes frutos, utilizam-se as maçãs disponíveis na altura das vindimas, a maçã Bravo, só, ou junto com outras variedades como, por exemplo, as maçãs starking, fugi, golden ou Granny Smith.

A confeção da uvada, produzida em grandes quantidades no outono, pelas vindimas, pode demorar vários dias. Começa com a apanha da uva seguindo-se o esmagamento e extração do mosto (com vestígios de pele e grainha), a produção do arrobe, a junção das frutas e, num processo lento e acompanhado, a cozedura até atingir o “ponto estrada” que lhe confere uma cor castanho dourado, escuro e intenso.

Este doce caracteriza-se por ser um produto bastante ácido, com uma riqueza considerável em açúcares redutores, bastante caramelizado, dado a tecnologia de fabrico utilizada, o que se traduz nos elevados teores em hidroximetilfurfural e também rico em alguns catiões como seja o cálcio, potássio e magnésio (Caldeira, 1995).

A uvada é um doce que se conserva de um ano para o outro e pode ser consumida no pão, com frutos secos ou queijo. A atual prática mostra que a percentagem da redução do mosto em arrobe é bastante variável, dependendo do gosto de quem cozinha. Há quem reduza o mosto para 2/3, outros para metade, 1/3 ou 1/4, ganhando consistências diferentes.

A forma de apresentação ao público, tradicionalmente, pode assumir duas formas: tipo compota (aspeto de textura mais liquida, servida a partir de uma colher) apresentada em frasco de vidro, ou, tipo marmelada (aspeto de textura mais consistente, podendo ser fatiada) apresentada em tigelas com papel vegetal embebido em aguardente (forma de conservação microbiológica).

O que distingue a Uvada de Torres Vedras de outras existentes na região Oeste é a qualidade da matéria-prima utilizada (mosto proveniente do terroir de Torres Vedras) da pectina existente nas maçãs utilizadas (gelificante) e o “ponto estrada” que varia de produtor para produtor. Um particular “saber fazer local”, consequência de um longo percurso de observância de velhas práticas, a manutenção de uma memória coletiva de saberes e de afetos.

Colaboração: Vinho Grandes Escolhas; Água do Vimeiro
Preço: Copo de vidro + porta-copos: 3 €

 


Atividade Gratuita


Última atualização: 31.10.2019 - 20:38 horas
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