O concerto relativo à 3.ª edição do Prémio Internacional de Composição Darcos realiza-se no próximo dia 18 de julho, pelas 21h30, no átrio do Edifício Multisserviços da Câmara Municipal de Torres Vedras.
O programa desse concerto, que se integra na “Temporada Darcos”, será dirigido por Nuno Côrte-Real e interpretado pelo Ensemble Darcos, é o seguinte:
L. Janačék (1854 – 1928) Concertino
I. Moderato II. Più mosso III. Con moto IV. Allegro
2 obras finalistas a concurso
S. Azevedo (n. 1968) Concertino de Hukvaldy - estreia absoluta
I. 1. Fanfary II. 2. Presto (Um esquilo!) III. 3. Música de Coreto (Nas termas de Luhačovice) IV. 4. À procura da Raposa (Leoš)
As duas obras finalistas da edição de 2025 do Prémio Internacional de Composição Darcos e que serão interpretadas no concerto são: Rioplateando, do compositor argentino-espanhol, Gastón Ares (1975); e Raízes Afogadas em Cinza, do compositor português, Henrique Mesquita (1997).
Refira-se que a primeira obra que será interpretada no próximo concerto da “Temporada Darcos” é aquela cujo efetivo instrumental serviu de modelo para a elaboração de composições concorrentes à terceira edição do mencionado prémio (piano, trompa, clarinete, dois violinos, viola-d’arco e fagote). A esse propósito, é de realçar que o Concertino de Leos Janačék (1854-1928) é uma das obras mais emblemáticas da música de câmara da 1.ª metade do século XX europeu. Dedicada ao mítico pianista checo Jan Heřman (1886-1946) e estreada a 16 de fevereiro de 1926, em Brno, na Morávia, foi escrita em 1925, entre Praga e Hukvaldy, a cidade natal do seu compositor. Anos mais tarde, Janáček descreveria Concertino nos seguintes termos: o tema do 1.º andamento, apenas para piano e trompa, é um “ouriço mal-humorado” num dia de Primavera; o do 2.º andamento, para piano e clarinete, um esquilo irrequieto que é engaiolado “para deleite das crianças”; o 3.º andamento é uma coruja e outros animais noturnos “contemplando as cordas do piano”; o 4.º e último andamento, uma discussão “como num conto de fadas”.
O Concertino de Janačék é, de resto, o ponto de partida para o Concertino de Hukvaldy de Sérgio Azevedo (1968), a última obra que será interpretada no concerto relativo à 3.ª edição do Prémio Internacional de Composição Darcos
Figura destacada da sua geração, doutorado em composição pela Universidade do Minho, e professor na Escola Superior de Música de Lisboa, Sérgio Azevedo é, refira-se, autor de uma série de obras relacionadas com aquele compositor moravo, agrupadas num ciclo intitulado Hukvaldy.
O Concertino de Hukvaldy, que será estreado no próximo dia 18 de julho, é a primeira obra de um conjunto de peças de música de câmara.
Diz-nos o seu autor, acerca dessa obra, que “faz referência a Janačék mas de forma oblíqua, raramente citando algo concreto ou mais do que meramente fragmentário (. . .) é o espírito dessas obras e a minha visão das mesmas que se junta à minha própria música de forma inextrincável, produzindo uma música nova que, de certa forma, comunica através do tempo com um passado que é, para mim, muito presente”.
De notar de Concertino de Hukvaldy o seu III Andamento - Música de Coreto (Nas termas de Luhačovice), que alude à cidade termal onde Janačék passava longas temporadas, e onde uma parte importante da sua produção musical foi escrita -, bem como o IV andamento - À procura da Raposa (Leoš), alusão à ópera A Raposinha Matreira (1923).
O acesso ao concerto relativo à 3.ª edição do Prémio Internacional de Composição Darcos é gratuito.
No mesmo o Ensemble Darcos será constituído por Gaël Rassaert (violino I), Paula Carneiro (violino II), Reyes Gallardo (viola), Cândida Oliveira (clarinete), Ricardo Gomes (fagote), Paulo Guerreiro (trompa) e Hélder Marques (piano).
Após o concerto, serão anunciados os vencedores da edição deste ano do referido prémio.
Sobre a “Temporada Darcos”
A “Temporada Darcos" constitui-se como uma iniciativa singular no panorama musical nacional, na qual se divulga fundamentalmente a música clássica segundo as suas diversas abordagens e matizes estilísticas, sendo dirigida pelo compositor e maestro torriense Nuno Côrte-Real. Os espetáculos desta temporada são na sua maioria interpretados pelo grupo Ensemble Darcos, um dos mais prestigiados grupos de música de câmara portugueses da atualidade, o qual é dirigido também por Nuno Côrte-Real e apresenta uma formação que varia consoante o programa de concerto. De realçar que têm participado nos concertos da “Temporada Darcos” aclamados solistas e orquestras nacionais e internacionais, bem como proeminentes figuras do panorama musical nacional como comentadores. Sendo coorganizada pela Câmara Municipal de Torres Vedras e pela Darcos - Associação Cultural, a “Temporada Darcos” tem como ponto de partida o concelho de Torres Vedras. Em 2025 tem a sua 18.ª edição.
|