Torres Vedras

A Azenha de Santa Cruz

01.07.2011

A Azenha de Santa Cruz (old)

Remontam a 1267 as primeiras referências, em Torres Vedras, a um moinho de vento, associadas ao nome de uma rua na vila medieval. O seu número multiplicou-se, justificando o topónimo quatrocentista "Moinhos de Vento", na parte acidentada da zona periurbana torriense.

No termo de Torres Vedras, apesar da irregularidade dos caudais, a maioria dos moinhos empregava energia hidráulica, marcanda a sua presença nas ribeiras do Cobeçal, do Avelal e do Castelão, bem como na Assenta, acima da Ponte do Rei, sobre o afluente do rio Sisandro. Mas era nos rios de maior caudal - o Alcabrichel e o Sisandro - que se intensifica a presença de moinhos e azenhas (do árabe as-s nya). Aqueles, de roda horizontal, chegaram à Península Ibérica ainda em tempos romanos; estas, introduzidas pelos árabes, uniam a roda vertical às mós, imprimindo-lhes uma velocidade superior. São precisamente as azenhas que encontramos no termo torriense, em Santa Cruz (de Ribamar), desde o século XVI, nos termos de São Gião e no Pisão.

A Azenha de Santa Cruz, teve a sua edificação, provavelmente ainda em finais do século XV, na sequência do contrato de emprazamento das águas de São Gião de Ribamar feito pelo Colegiada de São Miguel de Torres Vedras a Diogo Gonçalves Lobo e sua mulher Elvira de Olivares, datando 1462, com o objetivo de "fazerem viir a dicta augua em abstança a huuns moinhos ou acenhas que ora o dicto corregedor e sua molher novamente querem edfycar"

A Azenha de Santa Cruz (de Ribamar) manteve-se na posse da colegiada de São Miguel, até 1859, passando depois a integrar o património de Seminário Patriarcal de Santarém. Com a lei da separação do Estado das Igrejas, de 20 de abril de 1911, a azenha de Santa Cruz conheceu diversos proprietários até que, por doação da empresa Construtorres, passou para a posse da Câmara Municipal de Torres Vedras, em 1999, sendo restaurada e valorizada, para receber o posto de turismo, inaugurado a 21 de junho de 2009, uma das portas de entrada do visitante no território torriense, mantendo a moagem em funcionamento.

Carlos Guardado da Silva

Última atualização: 26.09.2019 - 16:42 horas
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