Torres Vedras

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"Republicanos, Anarquistas e Comunistas no Exílio (1917-1936)"

Apresentação do Livro de Cristina Clímaco

Até 24 de abril 2017 | 18h00

Leitura

Evento já ocorrido

Local: Biblioteca Municipal de Torres Vedras

Esta atividade integra o(s) programa Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril

A presente obra pretende ser um contributo à história da emigração política do século XX, através do estudo do caso português, inserindo-se no contexto europeu de oposição aos regimes fascistas e autoritários do entre-guerras. A revolta de Fevereiro de 1927 marca o início de um longo movimento de exílio que só terminará com a revolução de 25 de Abril de 1974.

A primeira parte do livro é dedicada ao exílio republicano em França, onde se refugia inicialmente a elite política afastada do poder pelo 28 de Maio de 1926. No exílio francês, a atividade dos exilados é dominada pela preparação do movimento militar, a revolução, que poria termo à ditadura e e restauraria a República. Decorrente deste objetivo, e face às dissensões e divisões do republicanismo que prejudicam o sucesso da revolução, os exilados procuram promover uma frente comum republicana contra a ditadura. A sucessão de revoltas (Fevereiro de 1927, Julho de 1928, Abril e Agosto de 1931, para além dos numerosos movimentos abortados pela polícia) e os encontros falhados da unidade republicana (Liga de Paris, União dos Emigrados Republicanos, Comissão de Estudos e de Diplomacia, Comité dos Emigrados Portugueses em França) emanam das clivagens ideológicas e de projeto político entre o republicanismo liberal e o democrático.

A implantação da II República espanhola, em Abril de 1931, vem proporcionar à oposição uma nova plataforma de ação na zona fronteiriça, graças à ajuda material e logística de alguns membros do governo republicano espanhol. O núcleo do exílio francês esvazia-se em favor da Espanha, onde afluem novos exilados na sequência das revoltas republicanas da Primavera e Verão de 1931. Para além da corrente republicana, anarquistas, alguns comunistas procuram igualmente refúgio em Espanha com o reacender da luta sindical, no início dos anos 30, em particular após o 18 de Janeiro de 1934. A prioridade da corrente republicana continua a ser dada à revolução, apesar da oposição ter entrado em refluxo após a revolta de Agosto de 1931, tendência que não se inverterá até à II Guerra Mundial. Paralelamente, o confronto entre as fações liberal e democrática do republicanismo acentua-se, condicionando a ação da oposição, num período em que a atividade oposicionista no interior está cada vez mais dependente do exílio. Os anarquistas fundam a Federação dos Anarquistas Portugueses Exilados com o objetivo de auxiliar material e financeiramente o movimento em Portugal, desempenhando um papel crucial após o 18 de Janeiro na manutenção de uma ligação com o exterior das organizações em Portugal. O exílio comunista é tardio e numericamente pouco significativo para o período em análise, tentando desenvolver-se através da implantação na emigração económica, mas será no entanto necessário esperar pela guerra de Espanha para que o exílio comunista ganhe maior expressão.

 

Cristina Clímaco é maître de conférences na Universidade de Paris 8 Vincennes Saint-Denis. É doutorada em História das Sociedades Ocidentais pela Universidade de Paris 7 Denis Diderot. Foi bolseira de doutoramento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT). Ė investigadora integrada no Laboratório de Estudos Romanos (LER) da Universidade de Paris 8, e investigadora colaboradora do Instituto de História Contemporânea (FCSH/NOVA) e do CEIS 20 da Universidade de Coimbra. Foi galardoada, em 1999, com o Prémio da Fundação Mário Soares. É especialista das relações luso-francesas, com trabalho realizado nas áreas do exílio, emigração e oposição ao Estado Novo nos anos 30. Publicou em 2010 As Linhas de Torres Vedras. Invasão e Resistência (1810-1811), Lisboa, Colibri.


Atividade Gratuita


Última atualização: 18.04.2017 - 11:40 horas
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