Torres Vedras

Agenda

A sagração da Primavera

Até 23 de fevereiro 2022 | 21h30

Música

Evento já ocorrido

Local: Coliseu de Lisboa

Certas obras, pela sua importância fulcral no contexto de uma linguagem artística, costumam ter por epíteto “há  um antes e um depois”. Nada na Música Ocidental e no Ballet seria o mesmo depois da estreia d’A Sagração da Primavera, a 29 de maio de 1913, em Paris.

De um lado a música de Stravinsky, explosiva ruptura com os cânones da composição, tendo, contudo, na base, canções populares lituanas, o que confere uma unidade idiomática nem sempre percetível. Do outro, a inovadora coreografia de Nijinsky para os Ballets Russes, contrariando as dramaturgias convencionais, em movimentos de uma intensidade física e emocional sem paralelo. O bailado, dividido em 2 partes,  A Adoração da Terra e O Grande Sacrifício, narra a história de um ritual tribal onde uma jovem deve ser sacrificada, como oferenda ao deus da Primavera.

Curiosamente, a estreia de Nijinsky no campo da coreografia ocorrera um ano antes, em 1912, com a obra Prélude à l’après-midi d’un faune, de Debussy. Para muitos, o início do Modernismo musical, esta é a obra mais famosa do compositor, que a escreveu entre 1891 e 1894.

Baseado no poema homónimo de Stéphane Mallarmé (1842-1898), onde encontramos um fauno ao despertar num fim-de-tarde, e as suas reminiscências de encontros amorosos com ninfas, são as sugestões e evocações de sensações que Debussy procura plasmar, ao invés da expressividade romântica então em voga. Dois temas melódicos  trespassam o prelúdio: um, sinuosamente cromático, confiado à flauta, e outro, liricamente expressivo, nos instrumentos de corda.



N. Côrte-Real (n. 1971)
Rock, op. 14 B

C. Debussy (1862 – 1918)
Prelúdio à sesta de um fauno

I. Stravinski (1882 – 1971)
A Sagração da Primavera

I.Adoração da Terra
II.O Sacrifício



Coreografia: Cláudia Martins e Rafael Carriço, Vortice Dance Company
Orquestra do Atlântico
Direção musical: Nuno Côrte-Real


Atividade Gratuita


"Nesta nova edição da Temporada Darcos, propomo-nos seguir a linha que tem norteado as temporadas anteriores: grande música, grandes intérpretes, mas procurando sempre pontos de contacto entre diferentes tradições, privilegiando o ecletismo e a inclusão. Por isso, desta vez escolhemos o lema da união pela música. Num mundo ainda muito desunido, dividido pelas políticas, pelas religiões, pelas desigualdades e pelos abomináveis racismos, cabe à arte proclamar bem alto que o único futuro sustentável é o da união.

A união pela paz, pelo amor, pelo planeta e pela liberdade. A união dos povos. Nós e os outros, duas realidades diferentes, mas na utopia que desejamos para o mundo as diferenças esbatem-se e convergem numa única realidade. É com esta convicção que a Temporada Darcos apresenta o seu projeto de fusão entre o fado e a música tradicional afegã, através da colaboração entre o Ensemble Darcos e o ANIMP (Afghan National Institute of Music), com o fadista Marco Oliveira e o guitarrista Miguel Amaral. Segundo o mentor e diretor do ANIMP, Dr. Ahmad Sarmast, dezenas de jovens estudantes afegãos fugiram ao terrível regime Talibã, viajando 6.592 quilóme-tros para poderem ter um futuro, e para que a música tradicional afegã pudesse sobreviver. Parece-nos triste e paradoxal que uma tradição milenar necessite do exílio para garantir a sua existência e preservação…

Também sob a égide da união, e visando criar pontes culturais de índole humanista, o mais ambicioso projeto da Temporada Darcos, Europa Sinfónica, será finalmente retomado (em suspenso desde 2020 devido aos anos de pandemia), com a primeira visita a Portugal da Orquestra da Ópera Estatal da Hungria, um dos mais antigos e prestigiados agrupamentos musicais europeus, e com a Orquestra da Toscana, instituição capital daquela região italiana, com sede em Florença. Estes dois programas terão como solistas os aclamados artistas portugueses António Rosado e Eduarda Melo. O ano de 2023 verá ainda nascer o projeto Folias, terceiro livro da série para coro e instrumentos, Novíssimo Cancioneiro, de Nuno Côrte-Real, desta vez inteiramente dedicado às danças portuguesas, reper-tório rico e variado que é mister revitalizar com vista a uma maior presença artística no panorama contemporâneo.

De destacar, por último, a estreia do projeto de fusão estética entre o jazz e o clássico, Nas asas do indefinido, com o Ensemble Darcos e a internacional cantora portuguesa Maria Mendes, procurando caminhos de fusão e desco-berta entre aqueles dois mundos distintos. Podíamos projetar neste último projeto musical, como exercício para as nossas próprias vidas, o caminho que a humanidade parece cada vez mais estar a necessitar: tomar o oposto, o contrário, o aparentemente inconciliável, e conciliá-los; entender as diferenças, aceitar as distinções, compreender as essências, e num desejo sincero de harmonia, conceber um horizonte onde a natureza varia do Homem possa existir pacificamente e sem mácula. Utopia, nunca te esqueceremos!" Nuno Côrte-Real

“A cultura é o grande observatório do humano” José Tolentino Mendonça (2021)

Na sua 16ª edição, a Temporada Darcos propõe um programa artístico que elege “A união pela música” como impulso e horizonte. Longe de constituir um cliché semanticamente esvaziado pela repetição, a afirmação prefigura um manifesto pelo direito a construir uma nova narrativa do futuro.

A Temporada Darcos enraíza-se num movimento cultural agregador de matriz cosmopolita que promove o encontro entre “diversidades”, aprofundando o diálogo, a cooperação e a participação cidadã. Repousa na profunda convicção de que as Artes e a Cultura – conceito poliédrico – devem assumir um papel central e não ornamental no âmago de qualquer projeto de desenvolvimento territorial. Ao longo da sua trajetória, um sistema capilarizado de relações tem sido delicadamente tecido, dirimindo distâncias entre instituições, coletivos artísticos e comunidades.

Na sua dimensão processual, a Temporada Darcos concorre para a edificação de uma ecologia de práticas colaborativas que, assentes na mutualização de experiências, conhecimentos e competências, aportam inovação e abrem caminho a diálogos fecundos materializados em projetos comuns.
Enquanto movimento fortemente comprometido com a educação, inequívoca alavanca de transformação, a Temporada Darcos tem contribuído para salvaguardar a acessibilidade a um patri-mónio artístico em permanente (re) criação e avigorar a literacia musical de uma “vasta maioria”.

A música, na sua pluralidade de expressões, é um universal de cultura, uma linguagem de convergência que nos projeta num espaço identitário partilhado. Em tempos marcados pelo desencanto, incerteza, fragmentação, dissolução e insularidade, a música, mais do que uma experiência salvática, hiperbolicamente escapista, ou de estrita e efémera fruição estética, oferece a possibilidade de pensar novas formas de habitar o mundo, de ousar outras vidas em comum." Ana Umbelino

Direção artística
Nuno Côrte-Real

Consultoria
Afonso Miranda

Projetos especiais
Vanessa Pires / Artway

Textos
José Bruto da Costa

Produção executiva
Bruna Moreira

Assistente de produção
João Barrinha

Gestão de apoios
Jorge Reis

Relações públicas e assessoria de imprensa
Débora Pereira

Contabilidade
Luís Silvestre


Imagem gráfica
Olga Moreira a partir de fotografias de Jorge Carmona


Comunicação e imagem
Câmara Municipal de Torres Vedras

Publicado: 17.01.2022 - 20:25 horas
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