Torres Vedras

Agenda

Um mês, um autor ... Ramalho Ortigão

Mostra Documental

Até 31 de maio 2015

Exposição Ramalho Ortigão na Mostra Documental da Biblioteca Municipal

Evento já ocorrido

Local: Biblioteca Municipal de Torres Vedras

Cem anos após a sua morte a Biblioteca Municipal destaca a obra de um dos maiores vultos da literatura portuguesa do século XIX: Ramalho Ortigão.

Nasceu a 24 de novembro de 1836, no Porto, e morreu a 27 de setembro de 1915, em Lisboa. Homem de letras portuguesas, um dos vultos mais destacados da conhecida Geração de 70, do século XIX.

A obra de Ramalho Ortigão desdobra-se em três vertentes: folhetim jornalístico, literatura de viagens e critica de arte.
Oriundo de uma família abastada da burguesia portuense e filho de um combatente pela causa liberal, conviveu durante a infância com o ambiente rural da casa da avó materna, tendo sido criado, como confessa, "como um pequeno saloio".
Na adolescência, enquanto convalescia de uma febre, tomou contacto com as Viagens na minha Terra, obra que o impressionou tanto que foi a partir da sua leitura que compreendeu que "tinha de ser fatalmente um escritor".

Frequentou o curso de Direito na Universidade de Coimbra e, aos dezanove anos, começou a lecionar francês no Colégio da Lapa, dirigido pelo seu pai, onde teve como aluno Eça de Queirós, futuro amigo e companheiro de lides literárias. Durante a década de 60, colaborou em vários periódicos, como a Gazeta Literária do Porto, a Revista Contemporânea e o Jornal do Porto, de que foi redator. Foi precisamente neste último que, em 1866, publicou o folheto Literatura de Hoje, com que intervém na Questão Coimbrã.

Em 1867 muda-se para Lisboa onde assumiu o lugar de oficial de secretaria da Academia das Ciências e reencontrou o seu amigo Eça, já formado em Direito pela Universidade de Coimbra.

Em 1870, publicaram ambos O Mistério da Estrada de Sintra.

Em 1871, não participando diretamente nas Conferências do Casino Lisbonense, iniciou com Eça um novo projeto, que pretendia retomar a intenção crítica e de reforma social que norteou as Conferências: As Farpas. O início da redação de As Farpas é, aliás, tido pelos críticos (entre os quais o próprio Eça, numa carta publicada na revista portuense A Renascença) como um marco de transição na escrita de Ramalho, que teria passado de "folhetinista diletante" a "panfletário ilustre".

Após a partida de Eça para Cuba, como cônsul, em 1872, Ramalho tomou nas mãos a redação desses folhetins satíricos, cuja publicação até 1888 entremeou com a edição de livros de viagens: Pela Terra Alheia (1878-1880), A Holanda (1883), John Bull (1887) e, inspirados pelas viagens em Portugal, Banhos de Caldas e Águas Minerais (1875) e As Praias de Portugal (1876). Em todas estas obras, embora as imagens da França e da Inglaterra e os progressos das suas civilizações sejam contrapostos à decadência portuguesa, manifesta-se um apego à tradição nacional e a crença na possibilidade de regeneração.

A partir de 1888, Ramalho começou a fazer parte das reuniões do grupo dos Vencidos da Vida.

Em 1895, tornou-se bibliotecário do Palácio da Ajuda.

Nos textos escritos perto do fim da vida e já depois de instaurada a República, que serão postumamente reunidos no volume Últimas Farpas, Ramalho manifestou a sua descrença no novo regime político.

Dotado de um espírito cosmopolita, dândi, mundano, e simultaneamente, arreigado às tradições nacionais, Ramalho procurou sinceramente educar e civilizar a sociedade do seu tempo. A variedade dos seus escritos, o diletantismo do seu discurso, a leveza e propriedade do seu estilo, oscilando entre as notações estéticas, as digressões líricas, os apontamentos humorísticos espelham a fidelidade ao preceito de escrita e de vida enunciado na sua "Autobiografia" (in Costumes e Perfis): "Maçar o menos possível que seja o meu semelhante, procurando tornar para os que me cercam a existência mais doce, o mundo mais alegre, a sociedade mais justa, tem sido a regra de toda a minha vida particular. O acaso fez de mim um crítico. Foi um desvio de inclinação a que me conservei fiel. O meu fundo é de poeta lírico."

 In VIEIRA, Célia, ; RIO NOVO, Isabel Cristina Folgado – Literatura portuguesa no mundo: dicionário ilustrado. Porto: Porto Editora, 2005. Vol. IX. ISBN 972-0-01241-2


Atividade Gratuita


Última atualização: 25.03.2015 - 12:44 horas
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